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Espeto de pau

Presidentes de empresas de tecnologia limitam o tempo que seus filhos podem dedicar aos produtos e serviços eletrônicos que eles mesmos vendem

NICK BILTON DO "NEW YORK TIMES"

Quando Steve Jobs dirigia a Apple, era normal que ligasse para jornalistas sobre seus textos. Fui o destinatário de alguns desses telefonemas.

Mas nada me chocou mais do que algo que Jobs me disse no final de 2010, depois de terminar a bronca pelo que eu havia escrito sobre deficiências do recém-lançado iPad. "Seus filhos devem adorar o iPad" --tentei mudar de assunto. "Eles ainda não o usaram", ele respondeu. "Limitamos a tecnologia que nossas crianças podem usar em casa".

Desde então, conheci outros presidentes de companhias de tecnologia e de fundos que investem em start-ups que limitam estritamente o tempo de convivência de seus filhos com os aparelhos eletrônicos e até proíbem seu uso nos dias de semana.

Chris Andersen, antigo editor da revista "Wired" e hoje presidente-executivo da 3D Robotics, fabricante de aeronaves de pilotagem remota (drones), instituiu limites para seus cinco filhos, com idades dos seis aos 17 anos.

Os perigos que ele busca evitar incluem exposição a conteúdo prejudicial, como pornografia, intimidação por parte de outras crianças e, talvez o pior, que eles se viciem em eletrônica.

Alex Constantinople, presidente-executiva da OutCast Agency, de comunicação e marketing com foco em tecnologia, diz que seu filho mais novo, de cinco anos, não pode brincar com eletrônicos durante a semana. Os demais, com de 10 a 13 anos, só podem usá-los 30 minutos, nos dias de semana.

Evan Williams, fundador do Blogger, Twitter e Medium, afirma que em lugar de iPads, seus dois filhos mais novos têm centenas de livros (sim, em papel), que podem ler quando quiserem.

Em geral, a idade é o fator decisivo. Crianças com menos de dez anos são mais suscetíveis ao vício em eletrônicos e mais fáceis de conter.

"Mas quando eles vão ficando mais velhos, é preciso relaxar as normas porque precisam usar seus computadores para a escola", diz Lesley Gold, fundador e presidente do SutherlandGold Group, de análise de dados.

E uma regra é universal entre os pais do setor de tecnologia: "Sem telas no quarto. Ponto final".

Já Ali Partovi, fundador do iLike e consultor do Facebook, Dropbox e Zappos, defende uma distinção entre o tempo "consumindo" (assistindo vídeos e jogando videogames) e o tempo "criando" nos aparelhos eletrônicos.

"Da mesma forma que não sonharia limitar o tempo que um filho pode passar pintando, tocando piano ou escrevendo, que seria absurdo limitar o tempo que a criança queira dedicar a criar arte no computador, editar vídeos ou aprender programação."

Dick Costolo, presidente do Twitter, me disse que ele e sua mulher aprovam o uso ilimitado de aparelhos desde que seus filhos os usem na sala de estar. Para eles, restrições excessivas podem acabar agravando a fixação dos jovens pelos equipamentos.


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