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Inflação em 12 meses vai a 6,75%, a maior em três anos

No mês, IPCA sobe 0,57% com alimentos; seca e exportação encarecem carne

Dado surpreende analistas e eleva risco de estouro da meta do governo; câmbio será variável importante

PEDRO SOARES DO RIO

O fim do ciclo de três meses de queda dos preços dos alimentos empurrou a inflação oficial do país para 0,57% em setembro e fez a taxa em 12 meses estourar o teto da meta do governo para este ano (6,5%). O índice acumulado bateu em 6,75%, maior patamar em três anos.

Em agosto, a taxa mensal havia sido de 0,25%.

Surpresa para analistas que esperavam um IPCA em torno de 0,45%, a inflação já corre risco maior de superar a teto da meta no ano. O Itaú, por exemplo, corrigiu sua projeção para 6,5%.

O número também reduz o espaço para um reajuste da gasolina, necessário para recompor o caixa da Petrobras e previsto para ocorrer após o segundo turno das eleições, afirmam os analistas.

Os alimentos subiram 0,78% em setembro, com impulso sobretudo da carne. É o item do grupo de maior peso no orçamento das famílias.

Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do IBGE, o IPCA de setembro é "considerável" e mostra "aceleração significativa" sobre os meses anteriores. Ela explica ainda que altas nos preços de alimentos dão a impressão de inflação maior.

"Os alimentos são comprados quase todo dia. Por isso, as pessoas sentem mais. Ainda mais as de baixa renda, que gastam fatia maior do orçamento com alimentação."

No caso da carne, diz, os "pastos estão secos com a estiagem desde o início do ano, e encarece a engorda do gado (com ração)". A maior exportação do produto também alavanca o preço, pois ele se torna mais escasso no mercado interno --a Rússia, em uma guerra de embargos com EUA e União Europeia, passou a comprar mais carne brasileira desde agosto.

O governo, avaliam especialistas, conta com a sorte para manter a inflação na meta: espera o recuo do dólar pós-eleições e a manutenção dos baixos preços internacionais de alimentos básicos como soja e milho --matérias-primas para vários produtos.

O câmbio afeta o custo de produtos importados, desses alimentos (cotados na moeda estrangeira) e de artigos de higiene e limpeza e remédios, principalmente.

Marcel Caparoz, da RC Consultores, diz que a recente queda das cotações internacionais pode "restringir uma alta significativa" de alimentos nos próximos meses, mas tal efeito tende a ser "anulado" pelo câmbio.

Outra possível âncora da inflação é a desaceleração do consumo, abatido por juros e inadimplência e um mercado de trabalho menos vigoroso.

GRUPOS

Além da carne, a alimentação fora de casa puxou o IPCA de setembro. Subiu 1,06% no mês e já acumula aumento de 10,59% em 12 meses.

Para Elson Teles, do Itaú, "transportes e habitação também exerceram contribuição relevante" para a alta. Pesaram sobretudo passagens aéreas (17,85%) e energia elétrica (1,37%), respectivamente.


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