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Com tarifa menor, elétrica deve distribuir menos lucro

Tradicional bom pagador de dividendos, setor terá de se adaptar a receita menor

Mudança nas regras do segmento faz crescer no mercado desconfiança sobre outros setores com concessão pública

MARIA PAULA AUTRAN DE SÃO PAULO

A mudança no cenário da energia elétrica no país vai mexer com o bolso do consumidor e com o do investidor também. Só que com consequências opostas.

Com a medida provisória que prevê redução de 20% na conta de luz -o que é bom para quem consome-, haverá queda de receita das concessionárias e, consequentemente, dos dividendos pagos -ruim para os acionistas.

Dividendo é o percentual do lucro das empresas que é distribuído aos investidores. Até agora, as elétricas sempre foram consideradas boas pagadoras pelos analistas.

Para Fernando Leitão, diretor de renda variável da corretora Hoya e autor do livro "Viva de Dividendos", a realidade mudou e os dividendos vão diminuir.

Leitão ressalta, no entanto, que, como as ações do setor caíram muito nas últimas semanas, é importante ficar atento ao "dividend yield", que é o valor recebido dividido pelo preço do papel.

Por exemplo: uma ação de uma empresa custa R$ 30 e paga R$ 3 de dividendo -logo, o "yield" é de 10%. Se o preço dela cair e o dividendo não, esse percentual é maior, o que é vantajoso para quem compra o papel mais barato, mas não para quem já tinha a ação na carteira.

"É fundamental que a gente continue fazendo conta, porque as empresas continuarão a distribuir dividendos, embora menores do que estavam acostumadas."

Leitão diz que, como o valor das ações caiu muito, levando em conta o "yield", ainda pode valer a pena comprar ações das elétricas, sobretudo das distribuidoras.

Mas, mesmo para quem quer comprar os papéis agora, analistas dizem que o ideal é esperar as novas regras serem implementadas.

A Cesp disse na semana passada que não vai renovar a concessão de suas usinas.

A Eletrobras, controlada pela União, decidiu renovar a concessão de todas as suas usinas, sob protesto dos acionistas minoritários.

A Cemig e a Copel se recusaram a renovar os contratos de suas hidrelétricas, mas aceitaram assinar novos contratos para transmissão.

Ainda restam dúvidas sobre quando as usinas serão retiradas das empresas que não renovaram, como será a nova licitação e quanto as companhias vão receber por esses ativos.

Clodoir Vieira, da corretora Souza Barros, diz que só dois papéis -de empresas que não foram afetadas pelas regras (Tesa e Tractebel)- permanecem na carteira de recomendações.

Pedro Galdi, da SLW, acredita que, mesmo com a redução, que não será imediata, há dividendos no setor que ainda devem render mais que a Selic, hoje em 7,25%.

PERSPECTIVA

Para Rafael Dias, analista do BB Investimentos, as companhias terão de se ajustar.

"Todas já estão anunciando programa de corte de custos, pessoal, material e serviços em geral. Além disso, haverá o recebimento das indenizações, o que pode induzir a algum movimento de aquisições no setor", diz.

Na avaliação de Dias, no entanto, os preços das ações não devem voltar tão cedo aos patamares de antes.

Analistas dizem que a mudança no cenário das elétricas elevou a desconfiança em relação a todas as empresas que têm concessões públicas, mesmo em outras áreas.

Para Vieira, da Souza Barros, a Sabesp, por exemplo, é uma boa pagadora de dividendo, mas há de levar em conta que a empresa depende de concessão.

"A confiança do investidor é sempre abalada com qualquer interferência nas regras do jogo", diz Leitão, da Hoya.


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