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Governo aposta em mais crédito para ativar crescimento

Apesar de dívidas em alta, equipe econômica quer manter modelo de consumo apoiado em financiamento

Levantamento mostra que orçamento de 42% dos endividados já está no limite de comprometimento

DE BRASÍLIA

Com o fim do primeiro casamento, foi-se também o contador. Sem organização e planejamento, a vida pessoal de Sara Constantino se misturou com a profissional Sara Constantino, dona de um salão que leva seu nome. Resultado: as finanças viraram uma bagunça.

"Levei dois anos para me afundar e estou há seis anos tentando sair", diz a pequena empresária que, neste ano, recorreu a uma consultoria financeira.

Ela conta que chegou a ganhar R$ 20 mil em um mês, mas nem isso evitou as dívidas. "É a pior sensação quando você ganha, ganha e nunca tem nada."

Depois de duas consultas, seguiu ao pé da letra a lição aprendida na consultoria. "O curso é muito positivo, mas não estou podendo agora. Estou muito apertada e decidi cortar as dez prestações de R$ 490 que ia pagar."

Apesar de ter encerrado as consultas com a consultoria, ela diz que aprendeu muito e mudou sua "cabeça".

Foi por causa da visita à consultoria que decidiu também cancelar a viagem de férias neste final de ano com o novo marido e o filho. "Vou trabalhar como louca. Quero entrar janeiro sem usar meu limite no banco", diz. Aí, afirma, voltará ao consultor.

"Ele ensina muita coisa. Tem um lado de terapia de casal. Se não fosse ele, ia viajar cheia de dívida", diz.

O único problema que aponta foram os relatórios detalhados de despesas, taxas e custos dos empréstimos que é preciso preencher.

Dulcevânia Vieira, vendedora autônoma de uma rede de cosméticos, está esperando uma folga no orçamento para recorrer a uma dessas consultorias por dica da amiga. "Ganho muito, mas não sei para onde vai", diz. "É uma vida que estressa, não porque o negócio é ruim, mas porque não sei administrar meu dinheiro", analisa, explicando que ganha cerca de R$ 7.000 por mês.

NO LIMITE

O aumento das dívidas dos brasileiros se deu dentro de um modelo de crescimento da economia adotado pelo governo que prevê consumo em alta financiado por crédito farto e juros menores.

A fórmula continuará valendo para 2013. Ela é a aposta da equipe econômica para retomar o crescimento do país num mundo em crise financeira, apesar do alto nível de endividamento das famílias.

Pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o Ibope em 141 municípios mostra que entre as famílias endividadas 42% se dizem no limite de comprometimento do orçamento e 38% têm alguma prestação em atraso.

Há uma semana, a Boa Vista Serviços, administradora do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), fez novo mutirão para renegociação de dívidas em atraso. Com edições em 15 cidades, atendeu a 420 mil famílias e fez 130 mil renegociações.

"Os juros caíram, as pessoas querem trocar as dívidas caras, mas, para ter acesso a novas linhas, é preciso estar adimplente", diz Fernando Cosenza, diretor de sustentabilidade da Boa Vista.


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