Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Finanças Pessoais

Entenda o desempenho da NTN-B e do fundo renda fixa índices

Quanto valem hoje ações compradas há um ano? Quanto vale uma quantia de moeda estrangeira comprada meses atrás para viajar ao exterior? Quanto vale um CDB cujo valor de resgate é de R$ 150 mil daqui a dois anos? Quanto vale a NTN-B que Maria comprou há 12 meses, cupom de 5,5% ao ano, com vencimento em maio de 2035?

Para responder a essas perguntas, o mercado adota o procedimento "marcação a mercado", que consiste em determinar o valor atual dos ativos financeiros, apurado com base no valor que o mercado está disposto a pagar por eles diariamente.

No caso de moeda e ações, por exemplo, aceitamos com naturalidade a flutuação dos preços, que variam em função da oferta e da demanda, influenciados por fatores macro e microeconômicos.

Entretanto, quando se trata de ativo de "renda fixa", negociado com juros prefixados, temos dificuldade de aceitar que o preço também oscila ao longo do tempo.

O QUE VOCÊ COMPRA

Vamos rever o conceito de uma transação feita com taxa prefixada. José aplicou R$ 100 mil em CDB pelo prazo de dois anos, com taxa de 8% ao ano. O valor de resgate do CDB é de R$ 116.640,00 em dezembro de 2014.

José não comprou taxa pré de 8% ao ano. Comprou um "direito" contra o banco emissor, com data e valor predeterminados.

A taxa negociada no dia da compra foi útil só para calcular o valor futuro dessa transação e não terá utilidade para calcular o valor do CDB de José no meio do caminho. Esse conceito vale para qualquer ativo de renda fixa de taxa prefixada: CDB, debêntures, LTN, NTN-B, NTN-F etc.

ANTES DO VENCIMENTO

Quanto José receberá pelo CDB se decidir vendê-lo um ano após a aquisição? Muitos dirão que receberá R$ 108 mil, valor equivalente a um ano dos juros de 8% contratados no dia da compra. Errado.

O que José tem para vender é um recebível que vale no vencimento R$ 116.640,00. Para saber o valor atual do título, o mercado descontará o valor de resgate pela taxa que deseja receber pelo prazo a decorrer até o vencimento.

Se a taxa atual de mercado for de 7% ao ano, José venderá o CDB por R$ 109.009,35 (R$ 116.640/1,07). Valor superior à expectativa de receber R$ 108 mil.

Por que o CDB de José valorizou? Porque a taxa atual de mercado é menor do que a taxa negociada por ele há um ano. Quanto menor o desconto, maior será o preço.

Suponha o cenário inverso, de elevação dos juros, no qual o mercado exige taxa de 10% para os próximos 12 meses. Nesse cenário, José receberá R$ 106.036,36 (R$ 116.640/1,10), menos do que o valor esperado por ele.

Quanto maior o desconto, menor o preço à vista, certo?

QUANTO VALE HOJE

Duas variáveis impactam o valor presente dos ativos financeiros: a taxa de juros corrente e o prazo a decorrer até o vencimento, tempo que o novo investidor terá de esperar para resgatar o título.

Já vimos que a relação entre taxa e preço é inversamente proporcional porque se trata de operação de desconto.

Quando a taxa de juros sobe, o preço cai. Quando a taxa de juros cai, o preço sobe.

O prazo até o vencimento potencializa o efeito da taxa; quanto maior o prazo, maior o impacto positivo ou negativo da oscilação dos juros no cálculo do valor presente.

Na coluna da semana passada, vimos que Maria está feliz com o desempenho de 18% em 12 meses do fundo renda fixa índices. Mas ela não consegue entender por que ganhou tanto.

Com o IPCA na casa dos 5% mais juros entre 3% e 5% ao ano, ela esperava rentabilidade próxima de 10% no ano. E se pergunta qual será o desempenho desse fundo nos próximos meses.

Vamos supor que a carteira do fundo esteja posicionada em NTN-B, vamos ignorar a variação do IPCA e trabalhar com o valor atual só do cupom de juros, exatamente como aconteceu com o CDB de José. E o prazo, mais curto ou mais longo, irá potencializar o impacto da taxa.

A tabela apresenta o preço de três notas, com vencimentos distintos, em cenários hipotéticos de juros. Os cálculos estão simplificados, já que o objetivo é apenas a compreensão do conceito.

O FUTURO

Na vida real, a queda dos juros ocorreu com certa intensidade em 2012.

A NTN-B Principal 2015 era negociada a 5,17% em 2 de janeiro e foi negociada a 1,76% em 13 de dezembro. Nas mesmas datas, vimos o cupom da NTN-B Principal 2035 cair de 5,55% para 4,19%.

Agora Maria sabe por que a rentabilidade de seu fundo de investimento, assim como o desempenho do IMA-B, benchmark dessa carteira, foi tão elevada.

A incógnita é prever o futuro. A grande oportunidade de ganhos com a forte redução dos juros já passou.

Daqui para frente, novos ganhos dependem de novas quedas. Ela pondera que os juros, principalmente dos papéis mais curtos, não têm muito mais espaço para cair.

Os juros podem subir um pouco? Bem possível. A rentabilidade futura de Maria? O futuro dirá.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página