Folha de S.Paulo

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Investimento não subiria nem que eu saísse pintado de verde, diz Mantega

MARIANA SCHREIBER DE BRASÍLIA

Mais bem-humorado do que nunca, o ministro Guido Mantega surpreendeu os jornalistas no café da manhã de confraternização de fim de ano ao sugerir uma troca de papéis.

Colocando-se como o editor do jornal, Mantega pediu um "balanço" do que foi positivo e negativo em 2012.

"É muito bom trocar de posição, para sentir na pele", cutucou. "Eu sou o editor, o diretor da Redação, vou fazer a manchete."

Após a primeira resposta, alertou: "Está gravando. Você pode se comprometer, pode perder o cargo".

Ao final de cada comentário, Mantega cobrava um título para a "matéria".

Diante dos vários desafios do próximo ano, uma jornalista titulou seu texto "E agora, José?". Mantega reagiu: "Mudou o ministro?".

Encarnando um editor rigoroso, disse que os jornalistas estavam dando moleza para o governo. Surgiu então a melhor opção: "Querida, encolhi o PIB!". Mantega riu.

Diante de tanto pessimismo, o ministro considerou que estava havendo uma falha de comunicação entre governo e imprensa.

Afirmou que o governo fez uma "revolução" ao reduzir a taxa de juros e cortar impostos e que se sentia "realizado" ao terminar o ano com a menor taxa de desemprego.

Mantega argumentou que todos os países tiveram frustração de crescimento neste ano por causa da crise, fator que atrasou o resultado das medidas de estímulo.

"Fizemos o diabo para estimular os investimentos. Nem se eu saísse pintado de verde na praça dos Três Poderes os investimentos subiriam [neste ano de crise]."

Após um ano em que o governo incomodou o empresariado com medidas que reduziram as margens de lucro, o ministro afirmou que "acabou o período do lucro fácil, sem risco".

"Agora que o capitalismo verdadeiro está sendo implementado no Brasil. Quero ver ganhar dinheiro com ousadia. Suando a camisa. Capitalismo é uma economia de risco", afirmou Mantega.