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MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

"2013 será o ano da recuperação"

Luciano Coutinho, presidente do BNDES, projeta um crescimento de 4% na economia brasileira no ano que vem e de pelo menos 8% no investimento agregado

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, diz que a demanda por crédito para máquinas e equipamentos registrada na instituição permite estimar o aumento de investimentos no ano que vem em ao menos 8%.

Para o PIB, projeta 4% de crescimento em 2013.

Indagado sobre a desconfiança de investidores estrangeiros em razão do que consideram excessiva ingerência do governo, Coutinho reconhece que houve uma mudança de percepção do Brasil no exterior.

"Temos de fazer um esforço de comunicação, de explicação da estratégia brasileira, que, longe de ser intervencionista contra o mercado, busca unir o dinamismo do setor privado com as oportunidades de investimento que a economia brasileira carrega com suas carências."

A seguir trechos da entrevista que ele deu na sede do banco, no Rio de Janeiro.

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PIBINHO

"Foi um ano de ajustes, que felizmente já passaram. Com o crescimento do PIB aquém do que gostaríamos, mas com crescimento de renda, emprego e massa salarial em 2012, temos um crescimento superior a cerca de 5%. Significa que do ponto de vista da sociedade a temperatura é mais confortável do que o número do PIB."

Ainda que menos confortável do que já esteve, concorda ante a ressalva da colunista. "Mas ainda confortável e com perspectiva de melhorar. Em 2013, uma série de fatores apontam para uma recuperação de investimentos e de segmentos que não ajudaram em 2012, como o de caminhões."

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SETORES EM ALTA

"Teremos em 2013 uma forte recuperação na cadeia de petróleo e gás, na agricultura com preços mais favoráveis e um investimento industrial mais firme porque o ciclo de ajustes históricos de 2012 já estará em boa medida concluído", diz. Ele cita também estímulos a investimentos em infraestrutura do programa de concessões "sobre o qual trabalhamos intensamente. Nossos registros apontam para uma recuperação muito forte de consultas e aprovações de projetos indicando que 2013 será um ano de recuperação de investimentos."

No quarto trimestre, os dados de vendas de equipamentos na linha Finame indicam recuperação, embora não o suficiente para compensar o resultado ruim do ano. "Do nosso olhar de hoje, o investimento, a formação de capital bruta, estará crescendo perto de 6% em 2013, porém, queremos 8% ou mais. As tendências detectadas indicam que isso é factível..."

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ÓLEO E GÁS

Deve crescer, segundo Coutinho, por causa da "realização firme dos investimentos programados pela Petrobras" e por investimentos na cadeia de supridores, em bens de capital, outras atividades de serviços e engenharia. Há projetos já aprovados, diz.

"Estamos liberando pouco mais de R$ 10 bilhões em 2012 e para 2013, haverá 10% de crescimento pelo menos."

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GRANDES OPERAÇÕES

Os desembolsos do BNDES para indústrias de base devem crescer 20% no ano que vem. "Mesmo para janeiro, que é mais fraco, já temos demanda firme e esperamos começar o ano de patamar bem interessante. O investimento está voltando e vai acelerar."

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DEBÊNTURES

Em 2013, a promoção de debêntures de infraestrutura e de debêntures corporativas que são incentivadas entrarão no radar do banco.

Críticos reclamam que o BNDES substitui o mercado de capitais e dificulta o seu desenvolvimento.

"Faremos um grande esforço para promover o mercado. Estamos trabalhando com o Ministério da Fazenda."

O banco oferecerá produtos relativos a novas concessões de logística para renda fixa de longo prazo. "Nosso compromisso é maximizar a contribuição do mercado de capitais no financiamento e o BNDES ajustar o resíduo."

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APORTES DO TESOURO

O BNDES continua sendo uma fonte de longo prazo, especialmente para os prazos de maior maturidade, de 20, 25, 30 anos, afirma.

"Como o mercado não imediatamente suprirá essa necessidade, é difícil dizer qual será a nossa necessidade de recursos e a nossa participação no ano que vem."

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SEM PROJEÇÃO?

"Não temos pressa para definir isso [necessidade de recursos do Tesouro Nacional]. Podemos avaliar ao longo do primeiro trimestre o andamento do investimento e do desenvolvimento do mercado. Os aportes têm caído."

Coutinho espera maior desenvolvimento do mercado de capitais em 2013 graças à queda dos juros. "Será indispensável buscar alternativas", afirma. "Sou otimista, mas é prematuro falar um número [de participação do BNDES]. Tendo a ser cauteloso."

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IMAGEM DO BRASIL

Indagado sobre mudanças na imagem antes favorável ao Brasil e a desconfiança de investidores estrangeiros, que consideram o governo muito intervencionista, Coutinho afirmou: "Reconheço que esse diagnóstico é em certa medida verdadeiro. Houve uma mudança de percepção, mas eu tenho confiança de que se reverterá com um crescimento mais firme, as oportunidades de investimento e a compreensão de que as iniciativas do governo tinham como objetivo criar condições mais competitivas para a economia".

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ELÉTRICAS

"Apenas uma parte da indústria criticou as medidas para redução de preço da energia", argumenta.

"O objetivo foi privilegiar a competitividade da indústria. A desoneração em folha, a redução de juros e a melhoria relativa da taxa de câmbio, esse conjunto melhorou a competitividade de custos em 20%. A percepção disso, junto com o crescimento e a oferta de oportunidades, contribuirá para superar essa percepção [negativa do governo] que parcialmente se formou."

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TRANSPARÊNCIA

"Não temos nada a esconder", disse sobre a ação do Ministério Público que pede mais transparência ao BNDES. "O banco é correto e zeloso em tudo o que faz, com baixíssima taxa de inadimplência. Temos dentro da lei da transparência dado todas as informações que não afetem sigilo bancário e temos interesse em aperfeiçoar a nossa política."

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PEQUENAS E MÉDIAS

"Nem toda empresa grande tem acesso a todo o crédito que quer. O crédito de longo prazo ainda é muito escasso porque o sistema bancário ou o mercado de capitais não suprem crédito de longo prazo. Quem poderá senão o BNDES emprestar para infraestrutura a 25, 30 anos, com as carências adequadas? Não que queiramos nos perpetuar. Não quero estabelecer meta para atender pequenas e médias empresas, mas quero que o atendimento a esse segmento continue crescendo."

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TREM-BALA

"O Brasil precisa investir mais até quatro pontos do PIB ao ano em formação de capital. Portanto, não aceito que para investir mais em um lugar eu preciso cortar em outro. O trem-bala não se choca com a necessidade indiscutível de mais metrô. O grande desafio é fazer de maneira mais eficiente possível, minimizando custos."

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CÂMBIO

"Não se pode fazer o câmbio andar exageradamente sem desequilibrar porque tirou de R$ 1,60, R$1,70 para mais de R$ 2. É preciso uma acomodação agora e o governo deixou isso claro. O governo fez um esforço para reduzir custos sistêmicos (energia, folha de salários, custo de capital e melhora do câmbio). Há uma limitação, pode aperfeiçoar a tributação, mas a margem de manobra é limitada agora. A competitividade brasileira repousa daqui para a frente em um tremendo desafio de aumento de produtividade, de mais automação, de qualidade de gestão e de qualificação do trabalho."

"Reconheço que esse diagnóstico é em certa medida verdadeiro. Houve uma mudança de percepção [de investidores externos], mas tenho confiança de que se reverterá com um crescimento mais firme, as oportunidades de investimento e a compreensão de que as iniciativas do governo tinham como objetivo criar condições mais competitivas para a economia"


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