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Finanças Pessoais

Como investir em real para garantir poder de compra em dólar

Minha irmã Eliana está de malas prontas. Foram muitos os destinos já percorridos por ela, que prefere lugares exóticos e pouco badalados, com o propósito verdadeiro de conhecer o mundo. Os preparativos para cada viagem exigem um bom planejamento.

Um dos aspectos que ela aprendeu a administrar, além de fazer malas pequenas e leves, diz respeito ao orçamento necessário para a viagem.

Como as despesas são realizadas em outra moeda, ela sabe que não adianta acumular reais para atingir esse objetivo. Seu último destino foi o Butão, no Himalaia, entre a China e a Índia. A moeda local é o ngultrum, cujo valor equivale ao da rupia indiana. Mas o dólar norte-americano é aceito na maioria dos estabelecimentos comerciais.

Formas de pagamento no exterior são muitas: dólar, euro, a moeda local, cartões de crédito ou débito, cheques de viagem, cartão pré-pago. Como a aceitação desses meios de pagamento varia de país para país, investigue antes de viajar. Meu tema é como acumular antecipadamente essa reserva no Brasil, evitando o risco da valorização da moeda estrangeira, o que pode comprometer seus planos.

ACUMULAÇÃO EM REAIS

Aplicar na poupança, no CDB ou no fundo DI, por exemplo, não é boa ideia, pois pode comprometer a parte financeira da viagem. Suponha que a viagem seja daqui a dois anos e custe US$ 10 mil, equivalentes a R$ 20 mil no câmbio atual. Uma aplicação mensal de R$ 800 por 24 meses, com juros líquidos de 0,5% ao mês, deve assegurar esse montante.

O problema é que você não vai usar reais para pagar passagens, hospedagem e outras despesas, já que tudo será pago em moeda estrangeira.

O risco é o da oscilação da taxa de câmbio, que converterá real em moeda estrangeira. Se daqui a dois anos a taxa de câmbio cair para

R$ 1,80, você poderá comprar mais de US$ 11 mil. Mas, se a taxa de câmbio subir para R$ 2,20, você comprará US$ 9.000, menos do que precisa para a viagem.

MOEDA ESTRANGEIRA

Para não correr o risco da valorização da moeda estrangeira, o ideal é acumular a reserva nessa moeda.

O dólar é a moeda estrangeira de maior aceitação no mundo e a mais adequada para acumular essa reserva.

Se o seu destino é um país que faz parte da União Europeia, o euro faz mais sentido. Você pode comprar um pouco todos os meses, em bancos ou casas de câmbio autorizadas. Guardar o dinheiro em lugar seguro é um risco a ser administrado.

FUNDO CAMBIAL

Aplicar seus reais em um fundo cambial pode ser uma boa alternativa. A estratégia de investimento desses fundos é acompanhar a variação cambial entre duas moedas.

A ideia não é ganhar mais do que a variação da taxa Selic, ou da taxa DI ou mesmo da inflação. O objetivo aqui é preservar seu poder de compra na moeda estrangeira.

A rentabilidade é variável e pode ser negativa em alguns períodos. Muitas vezes, a rentabilidade do fundo excede a variação cambial. Isso ocorre porque operações usadas por gestores podem ter componentes de juros prefixados.

Quando bem administrados, e em prazo relativamente longo, nota-se rentabilidade superior à da variação cambial no mesmo período.

EXEMPLO

Suponha um fundo totalmente aderente à variação cambial. A taxa de câmbio na data inicial é de R$ 1,90 e você deposita R$ 20 mil, equivalentes a US$ 10.526.

A tabela simula dois cenários hipotéticos de valorização e desvalorização da moeda e, consequentemente, da rentabilidade do fundo. Observe que nos cenários apresentados a quantidade de reais diminui 10% ou aumenta 17%, mas o valor equivalente em dólares se mantém.

PROTEÇÃO IMPERFEITA

Embora a proteção não seja perfeita, como demonstrado na tabela, espera-se que, ao final de determinado prazo, você tenha quantidade de reais suficiente para comprar os dólares para a viagem ou o curso no exterior.

Três fatores impedem a aderência perfeita do fundo à variação cambial: a oscilação da taxa de juros prefixada de algumas operações cambiais; os custos de administração do fundo; o Imposto de Renda devido sobre a valorização da cota.

COMO FUNCIONA

Aplicações e resgates são em reais e podem ser feitos diariamente na maioria dos fundos cambiais.

Leia o prospecto antes de investir e verifique se a estratégia do fundo é oferecer hedge (proteção) na moeda estrangeira.

Se o seu planejamento indica que você precisa acumular US$ 500 (ou euros) por mês, calcule o equivalente em reais e aplique no fundo.

Exemplo: aplique R$ 1.000 se a cotação da moeda for de R$ 2 ou R$ 900 se a cotação for de R$ 1,80.

Invista pelo maior prazo possível para reduzir o Imposto de Renda, que será de 15% sobre os rendimentos a partir de dois anos.

E boa viagem!


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