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Cifras & Letras

CRÍTICA COMMODITIES

Livro faz mergulho denso na mudança da oferta de energia

Em 20 anos, consumo global crescerá até 40% em relação ao patamar atual

GITÂNIO FORTES DE SÃO PAULO

SEGUNDO O AUTOR, AS PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS VÃO MARCAR CADA VEZ MAIS O MERCADO DE ENERGIA

"The Quest" ("A Busca"), o mais recente livro de Daniel Yergin -ganhador de um prêmio Pulitzer-, é uma obra robusta. Não por suas mais de 800 páginas, mas por apontar tendências para o setor de energia sem "achismo".

Yergin aborda esse mercado num horizonte de 20 anos; 2030 é o norte para alinhar as opções disponíveis para atender à demanda crescente nas próximas duas décadas.

O autor reconhece as dificuldades de escrever sobre o futuro. Uma delas: com o tempo, vão surgir "fontes de energia que não identificamos hoje". Exemplo: no auge do uso do carvão na Revolução Industrial, quem ousaria imaginar o petróleo?

Esse desafio, porém, não intimida Yergin, um dos mais respeitados especialistas do mundo petroleiro. Ele estende seu conhecimento para outros segmentos, como a energia nuclear e a eólica.

O autor liga os vários temas que compõem "The Quest" numa narrativa povoada de imagens e personagens.

As imagens vêm de acontecimentos históricos -como a queda do Muro de Berlim e a Guerra do Golfo- e do cotidiano do leitor -do abastecimento dos automóveis ao aquecimento das moradias.

Os personagens incluem de uma série de presidentes americanos a ditadores como Hitler e Stálin e líderes polêmicos como Bin Laden.

No que se refere à América Latina, o diretamente eleito Hugo Chávez merece mais linhas que o igualmente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva.

A estrutura de cada uma das seis partes do livro adota esquema semelhante.

Os relatos remontam ao fim dos anos 1800 (como o início da exploração do petróleo), atravessam o século 20 (com picos e vales do preço do barril) até chegar aos eventos recentes (como a questão climática e o uso do xisto como fonte energética relevante).

Yergin qualifica o fim dos anos 1990 como uma "revolução silenciosa". Para garantir oferta adequada de petróleo, toda a cadeia produtiva se mostrou inovadora.

Não faltou investimento em novos métodos para identificar campos até então inexplorados, em técnicas inéditas para extrair mais barris de cada poço e no uso cada vez mais intenso da tecnologia de informação e dos avanços nas comunicações para esse fim.

BRASIL

O Brasil demora a aparecer em "The Quest". Mesmo depois que surge nas páginas do livro, figura como coadjuvante, sem o protagonismo dos EUA e da China.

As primeiras menções ao país são pequenas citações relacionadas à crise financeira asiática do fim da década de 1990.

Depois, o país aparece como exemplo às nações africanas na área de biocombustíveis. Em seguida, como ator dos Brics e de outros grupos de países. E como sede de conferências ambientais.

Yergin dedica pouco mais de uma página (com direito a mapa) à expertise nacional na exploração de petróleo em águas profundas no oceano.

O pré-sal brasileiro, por sinal, é mais um exemplo da capacidade da indústria do petróleo espantar "o espectro do recurso natural finito".

Quando ela aparentemente está sob risco, surge uma nova tecnologia de perfuração ou uma descoberta de campos com potencial para renovar a exploração.

O autor, no entanto, é mais generoso ao tratar do "álcool do Brasil". Pelas 3,5 páginas que dedica ao assunto, é possível inferir que o país merece mais atenção pela contribuição no campo dos biocombustíveis do que pelas reservas do pré-sal. Vale muito a pena pensar sobre isso.


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