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Ganho de doméstica sobe mais que a média

Escassez de profissionais faz renda da categoria crescer 56% desde 2004, mas remuneração ainda é a mais baixa

Número de pessoas que trabalham na função tem caído desde 2008, com exceção de 2009, ano de crise econômica

PEDRO SOARES DO RIO

Nunca foi tão difícil achar uma empregada doméstica nas maiores metrópoles do país como agora. E, para conseguir uma diarista ou uma mensalista, os patrões tiveram de pagar mais.

Quem ganhou foi a categoria, a de mais baixa remuneração entre todas. Tais conclusões surgem de dados levantados pela Folha, com base na Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.

O número de pessoas empregadas em serviços domésticos vem caindo desde 2008, com exceção de 2009, quando a crise empurrou trabalhadores para funções menos qualificadas.

Quase 130 mil pessoas deixaram o trabalho doméstico nas seis maiores regiões metropolitanas do país desde 2009 -em novembro, havia 1,5 milhão de pessoas ocupadas com esse tipo de serviço.

Com a menor oferta de domésticos -em sua grande maioria mulheres-, o rendimento do grupo cresceu acima da média.

Desde 2004, o ganho real (descontada a inflação) do salário das domésticas foi de 56%, ante 29% da renda média dos trabalhadores.

Ainda assim, o rendimento dessas funcionárias correspondia, em 2012, a 40% da média da remuneração de todos os trabalhadores.

Elas recebiam, na média das seis regiões metropolitanas, R$ 721 por mês de janeiro a novembro -6,7% a mais que em igual período de 2011.

Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa do IBGE, o emprego doméstico é a única categoria em que fica claro que a falta de mão de obra elevou os salários. Somente nesse grupo o emprego não cresceu nos últimos anos.

Outro impulso, afirma Pereira, veio do forte reajuste real do salário mínimo nos últimos anos.

O técnico do IBGE ressalta que, historicamente, a renda das domésticas sempre oscilava em torno do mínimo, mas distanciou-se dessa referência principalmente em 2011 e 2012 com a maior remuneração paga à categoria.

"É uma questão de oferta e demanda. Se há menos trabalhadores disponíveis, o custo desse serviço cresce."

FAMÍLIAS

"A empregada doméstica representa a única categoria não contratada por empresas, mas por famílias, que arcam com uma despesa maior."

A pesquisa do IBGE considera trabalhadoras com carteira, sem carteira, diaristas e mensalistas.

A diarista Raquel Reigada, 47, ilustra a maior procura por domésticas: tem todos os dias da semana ocupados e sua diária aumentou de R$ 80 em 2011 para R$ 100 em 2012.

"Agora está mais fácil trabalhar como doméstica. Os patrões dão aumento todo ano e décimo terceiro. Acho que é porque tem muita gente que não quer esse serviço", afirma Reigada.

"Onde eu moro ninguém quer ser diarista no Rio", diz a moradora de Itaguaí, que gasta duas horas e meia para chegar às casas onde trabalha, na zona sul.

Segundo Márcio Salvatto, professor do Ibmec, as mulheres ampliaram o nível de educação nos últimos anos e, com isso, passaram a procurar postos de trabalho que exigem maior qualificação.

Além disso, elas passaram a ser aproveitadas pelo setor de serviços, que se expandiu e tradicionalmente já era um grande empregador de mão de obra feminina.

Nacionalmente, os dados do Censo de 2010 também mostraram uma redução do número de trabalhadores domésticos e aumento da renda desse grupo -no qual 92% eram mulheres.


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