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Análise

Apesar de possíveis erros, projeções são importantes para tomada de decisões

Certamente é bem melhor enxergar a luz no final do túnel (mesmo que possa estar bem distante) do que tentar caminhar na completa escuridão

BRÁULIO BORGES ESPECIAL PARA A FOLHA

Todo começo de ano acontece a mesma coisa: exacerbam-se as críticas do grande público aos analistas econômicos (economistas principalmente) e às suas projeções, a ponto de muitos questionarem a real utilidade desses profissionais para a sociedade como um todo.

No início de 2013 não será diferente. E isso nunca vai mudar. Por quê? Porque os erros são inevitáveis, em razão de uma série de fatores que vou elencar a seguir.

Em primeiro lugar, o mundo real é caracterizado pela incerteza com relação ao futuro. Embora há muitas décadas venha se tentando quantificar, através da análise de riscos, parte dessas incertezas, o fato é que elas sempre estarão presentes.

Eventos como uma guerra, a quebra de um grande banco ou catástrofes naturais são muito difíceis de serem previstos com uma antecedência razoável, mas geram efeitos relevantes sobre o ambiente econômico.

Em segundo lugar, um bom analista econômico, ao utilizar seus modelos estatísticos de projeção, sabe (ou deveria saber) que um modelo é sempre uma simplificação da realidade, por definição.

Por mais que se possa (e se deva) melhorar os modelos ao longo do tempo, eles nunca conseguirão captar toda a complexidade do ambiente econômico do mundo real.

Não custa lembrar, também, que uma projeção central gerada por um modelo qualquer sempre está associada a um intervalo de confiança e também a uma probabilidade de ocorrência.

Aproveitando esse último ponto, já entro na terceira questão: a grande maioria dos analistas possui mais de um cenário, cada um deles com suas respectivas probabilidades (que podem ir mudando ao longo do tempo).

Obviamente, quem tem dez cenários na prática não tem nenhum. Mas, usualmente, os analistas têm dois ou três cenários -e nem sempre os usuários das projeções e o público sabem (ou têm interesse em saber) disso.

Em quarto lugar, às vezes o próprio passado é incerto: em meados de 2011, o governo americano revisou fortemente o PIB desde 2008, mostrando que a recuperação da economia não foi tão brilhante assim; os dados históricos podem ser fraudados (como ocorreu nos escândalos contábeis no início da década passada nos EUA ou com as finanças da Grécia recentemente) e, algumas vezes, escondidos propositadamente.

Em quinto lugar, o mundo real é permeado de múltiplos equilíbrios (muitas vezes instáveis). Um país que em um momento é considerado solvente pode, do dia para a noite, tornar-se insolvente aos olhos do mercado.

Nem sempre é trivial prever esses movimentos. Mas eles ocorrem o tempo todo.

Ainda assim, apesar de todos os erros que cometemos em nossas projeções, elas são importantes para subsidiar o planejamento e a tomada de decisão de consumidores, empresas, bancos e governos.

O processo de construção dessas projeções auxilia na melhor compreensão da realidade, o que contribui para reduzir a incerteza com relação ao futuro. Certamente é bem melhor enxergar a luz no final do túnel (mesmo que possa estar bem distante) do que tentar caminhar na completa escuridão.


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