Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Nizan Guanaes

Os olhos precisam viajar

Não dá só para ficar googlando a vida, é preciso ver a vida; a vida não é on-line

A maravilhosa frase ali no título é de Diane Vreeland, a grande fashionista americana. Com ela eu concordo, em sua sabedoria eu bebo.

Amo viajar. Viajo cada vez mais com mais intensidade. Não dá só para ficar googlando a vida, é preciso ver a vida. A vida não é on-line.

É preciso internacionalizar o pensamento, confrontar os parâmetros. Ter uma visão das coisas que estão acontecendo. E nunca foi tão fácil viajar.

Tenho hoje uma agenda internacional e participo do máximo de eventos internacionais que a agenda permite. Eles me dão informações que se traduzem em produtos e serviços para meus clientes e em impressões pessoais que não obteria de outra maneira. Presença é fundamental.

Estive na China para ver atrás da muralha, na África do Sul para ver a primeira Copa do Mundo africana, estive no Japão para ver o Corinthians campeão.

Nestas férias, estive também na Disney. E a primeira vez na Disney a gente não esquece.

O que Walt Disney fez com um rato é uma lição suprema de empreendedorismo em todas as dimensões: criação, inovação, design, marketing, serviços. Ratos são associados geralmente à destruição de impérios. Aqui se construiu um em volta dele. E isso você só sente de verdade participando desse game de carne e osso chamado Disney World.

Escrevo esta coluna de Miami, que sempre foi a capital mundial do meu preconceito, de uma América Latina colonizada e aposentada aqui. Mas me rendo. Isso não é verdade. Daqui vejo como a cidade é plural, gay, artística, inovadora. E atrai cada vez mais gente interessante, que vem pelo seu sol e pelo seu vigor.

Estou aqui nos Estados Unidos no exato momento da segunda posse de Barack Obama. Vim aqui para desfrutar férias com a família e para receber um prêmio de agência de propaganda do ano dos EUA em redes sociais, concedido à Pereira & O'Dell.

Como é inspirador ver aquela família na Casa Branca, ver Obama pela segunda vez referendado pela maioria dos americanos e pela simpatia global para o cargo mais importante do mundo.

Quando Obama ganhou a reeleição contra o candidato republicano Mitt Romney, em novembro passado, o jornalista conservador Bill O'Reilly constatou no seu programa na Fox News que estávamos assistindo ao fim da supremacia do establishment branco na América. A América tradicional morreu, disse o homem branco de olho azul em tom de lamento diante das mudanças demográficas no país que de fato trabalharam a favor de Obama.

Mas aqui na vibrante Miami, por onde meus olhos viajam neste momento, o influxo migratório mostra que ele deve ser celebrado, não lamentado. Essa é uma síntese não só do que são os Estados Unidos da América mas também do continente americano.

Brasileiros, cubanos, venezuelanos, colombianos, argentinos, estamos todos aqui bem representados, com gente do topo e da base das pirâmides socioeconômicas desses países. Reunidos aqui em Miami e na Flórida eles criaram uma latinidade fusion que mistura o corporativo americano com o corporal latino-americano.

E o Brasil ama os EUA, especialmente a Flórida. Em 2011, fomos os turistas estrangeiros que mais

deixaram dinheiro no Estado americano: um total impressionante de US$ 2,2 bilhões gastos por 1,4 milhão de brasileiros em parques, passeios, restaurantes, hotéis e, claro, shopping centers.

Mas meus olhos voltam para Obama, discursando na TV diante de uma multidão no mall gelado e lotado de Washington.

"Cada vez que nos reunimos na posse, reafirmamos nossa Constituição, e que o que nos une não é a nossa fé, não é a nossa cor de pele nem são os nossos sobrenomes. O que nos faz excepcionais e americanos é o que está na nossa Constituição: todo homem é criado igual e tem direitos inalienáveis como a liberdade e a busca de felicidade."

Falou e disse.

Vou pegar minha liberdade, também assegurada pela Constituição brasileira, e levar meus olhos para viajar em San Francisco. Outra cidade que, como Miami, por ter aceitado tantos olhares estrangeiros, tornou-se tipicamente americana e global.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página