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Abilio à frente do conselho 'incomoda' alto escalão da BRF

Indicação de empresário, bem-sucedido, mas com fama de encrenqueiro, divide opiniões na maior empresa de alimentos do país

TATIANA FREITAS CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO

A indicação do empresário Abilio Diniz, presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, para ocupar o mesmo cargo na BRF (Brasil Foods) causou mal-estar na direção da empresa de alimentos, criada da fusão Sadia e Perdigão.

No alto escalão da BRF, a avaliação é que a companhia não precisava ser alvo de polêmica neste momento. A presença de Abilio na empresa é questionada porque ele já exerce a mesma função no Pão do Açúcar -principal cliente da BRF no varejo.

Abilio, que carrega a fama de "encrenqueiro" em disputas com sócios (irmãos, Casas Bahia e Casino), divide opiniões na companhia.

Os fundos Previ e Tarpon, dois dos principais acionistas, colocaram Abilio na posição de presidente do conselho de administração da BRF, função que deverá ser referendada 9 de abril, durante assembleia de acionistas.

Do outro lado, estão executivos do alto escalão da fabricante de alimentos, que consideram que Abilio não tem o perfil da empresa.

O empresário, um dos mais bem-sucedidos do país, é considerado explosivo, briguento e competitivo. A empresa preza a imagem de "low profile", com alto grau de governança corporativa e pouco presente na mídia.

Recentemente, a BRF foi obrigada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômico) a vender fábricas, centros de distribuição e marcas para a rival Marfrig. Esse processo, encerrado no ano passado, ajudou a derrubar o lucro da empresa em 80% até setembro de 2012.

Insatisfeitos com os resultados, os fundos pressionaram por mudanças no conselho. Sai a discrição de Nildemar Secches, entra Abilio, cuja administração promete ser marcada por mais agressividade no comando.

Enquanto a companhia assimila as mudanças, o Casino, controlador do Pão de Açúcar, movimenta-se para resolver o que considera "conflito de interesses" -uma vez que Abilio ocupará a cadeira de presidente do conselho na fornecedora (BRF) e no grupo (cliente). Com marcas próprias, o grupo compete com a BRF.

O maior acionista da companhia, o fundo Petros, considerou apressada a escolha de Abilio. Em nota ao mercado, informou que "essa definição precisa ser amadurecida, considerando fatos que ainda necessitam ser melhor compreendidos e consolidados, sobretudo aqueles que envolvem potenciais conflitos de interesse e que devem ser ponderados por todos os acionistas da companhia".

Medidas concretas só devem ser anunciadas pelo Casino após a assembleia que deve confirmar Abilio no cargo. Mas o presidente do grupo, Jean-Charles Naouri, tornou público seu entendimento anteontem, na apresentação de resultados do Casino: "A BRF é o principal grupo agroalimentar do Brasil e o primeiro fornecedor do GPA; me parece que há um conflito de interesses evidente".

"Imagine se, nos EUA, o presidente do conselho do Walmart se tornasse presidente do conselho da Procter&Gamble. Isso causaria gargalhadas", disse Naouri à imprensa francesa.

No mercado financeiro, a indicação de Abilio para o conselho da empresa foi bem recebida. As ações da BRF subiram ontem 5,08%. As do Pão de Açúcar caíram 1,46%. Mas a queda não abalou os ânimos dos que estão do lado de Abilio: como as ações estavam valorizadas, os investidores decidiram vender para obter lucro, dizem.


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