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Vida de jovem é salário baixo e muitas horas de trabalho

Crise torna emprego mais difícil nos EUA e empresas elevam exigências

Um dos resultados é que o total de pessoas de 25 a 34 anos que vivem com os pais cresceu em 1,2 milhão de 2007 a 2011

DO "NEW YORK TIMES"

Cada geração tem seu hino para a jornada da ingenuidade juvenil à realidade adulta. Pode ser "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, ou, mais recentemente, "22", de Taylor Swift. "Esta é a noite em que esquecemos os prazos a cumprir", diz a letra. "Parece ser uma daquelas noites em que não vamos dormir."

Infelizmente, os contemporâneos menos abastados de Swift (que agora já tem 23 anos) não têm a mesma facilidade para deixar de lado seus compromissos matinais. Passar noites em claro, para eles, costuma se relacionar mais a trabalho que diversão.

"Se não estou no escritório, não largo do BlackBerry", diz Casey McIntyre, 28, que trabalha com divulgação de livros em Nova York. "A sensação é que jamais desligo completamente do trabalho."

McIntyre estima que receba entre 300 e 400 e-mails por dia e que responda pelo menos 80% deles, em uma jornada de trabalho que muitas vezes dura 16 horas.

Ela é apenas mais uma pessoa da casa dos 20 anos a descobrir que jornadas longas de trabalho e salário baixo são características que quase sempre andam juntas nas profissões criativas.

A recessão não ajudou em nada a conquista de um emprego. Centenas de candidatos disputam estágios não remunerados em que espera que estejam disponíveis com seus iPhones o dia inteiro.

"Precisamos contratar um 22-22-22", teria dito um executivo de novas mídias, recentemente -ele queria dizer uma pessoa de 22 anos para trabalhar 22 horas por dia ganhando US$ 22 mil ao ano.

A idade pode ser flexível, mas as outras exigências, não. O patrimônio líquido para pessoas de até 35 anos nos EUA caiu 68% de 1984 a 2009.

Não se imagine que isso seja só efeito da última recessão. No caso das pessoas com mais de 65 anos, o patrimônio cresceu 42% no período.

O resultado é que o total de jovens de 25 a 34 anos que moram com os pais aumentou 1,2 milhão de 2007 a 2011.

Uma vaga recentemente oferecida de estágio não remunerado em uma editora incluía, entre seus motivos de demissão sumária, "chegar atrasado ou sair mais cedo sem autorização prévia", "estar indisponível de noite ou nos finais de semana" ou "deixar de responder a e-mails em prazo útil".

Foi esse tipo de dedicação que Lucy Schiller demonstrou ao longo de dois anos em Denver e San Francisco, mas nada do que fez deu certo. Enquanto trabalhava no turno das 4h45 (da madrugada!) às 15h, quatro dias por semana, em um café, por salário mínimo (e o gerente ficava com metade de suas gorjetas), ela fez estágios, quase todos não remunerados, em cinco instituições artísticas e culturais.

Essas perspectivas nunca eram lucrativas. Em seu último dia em um estágio, sua chefe, uma mulher de 75 anos, pediu ajuda para carregar algumas coisas pesadas em casa. "Era uma imensa sala repleta de plantas de maconha", conta. "Ela me pediu que ajudasse a fazer a colheita, virando a noite. Ela fatura US$ 35 mil por safra."

Para a estagiária, o pagamento foi um burrito no café da manhã.


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