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Argentina "estrangula" e afasta empresas brasileiras

Com lucros reduzidos, corporações reveem investimentos no país vizinho

De mineração a alimentos, setores sofrem com defasagem cambial, inflação e várias restrições

TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

A Argentina tira o sono de muitos empresários brasileiros. Além dos exportadores, que enfrentam barreiras para colocar produtos no vizinho, as corporações nacionais que se instalaram ali sofrem com a política econômica de Cristina Kirchner.

De mineração a alimentos, empresas de diversos setores são prejudicadas pela defasagem cambial, alta inflação, aumento de custos, dificuldades para remessas de dividendos, restrições no comércio exterior e desaquecimento do consumo interno.

Algumas reveem os investimentos. É o caso da Vale, responsável pelo maior empreendimento privado do país: um projeto de exploração orçado em US$ 6 bilhões.

Cerca de US$ 1 bilhão já foi gasto, mas companhia estuda deixar o país mesmo assim. Para continuar, pede isenção de tributos e ajustes no câmbio, segundo a imprensa internacional.

O projeto deve ser o principal tema da reunião entre as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner que estava marcado para esta semana, mas foi adiada por causa da morte de Hugo Chávez.

Com obras suspensas desde fevereiro, a Vale está revendo os custos do projeto, impactados pela inflação.

A decisão sobre a continuidade do projeto afeta outras empresas brasileiras envolvidas nas obras, como Odebrecht e Camargo Corrêa.

Essa última também é impactada pela retração no setor de construção civil argentino. O lucro da cimenteira Loma Negra, que é controlada pela brasileira, caiu 55% no ano passado em dólares, reflexo da queda nas vendas.

A Alpargatas Argentinas, outra subsidiária do grupo, teve de reduzir a produção no ano passado em resposta à queda na venda de calçados.

CONTROLE DE PREÇO

No setor de consumo, a principal queixa é o controle de preços do governo.

Para promover reajustes, as empresas precisam pedir autorização do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. Segundo relatos de empresários do setor de alimentos, Moreno decide se a empresa aumentará os preços e o percentual.

As indústrias de alimentos operam com margens apertadas na Argentina por causa dessa política. A BRF, por exemplo, que teve um ano de alta de custos, não pode repassar tudo ao consumidor.

A JBS, maior processadora de carne bovina do mundo, praticamente saiu do país com grande tradição na pecuária. De cinco frigoríficos que operava, manteve um. A empresa, que foi à Argentina pensando em construir uma plataforma exportadora, hoje produz apenas alimentos processados para o mercado interno.

A Petrobras também trabalha com margens de lucro apertadas na Argentina, que controla o preço dos combustíveis. No ano passado, vendeu uma refinaria e negocia a venda de metade dos ativos que mantém no país. Ontem, a estatal foi surpreendida pelo fechamento pela Justiça de outra refinaria.

SAÍDA DIFÍCIL

Até sair da Argentina parece difícil. A companhia logística ALL há um ano colocou todos os seus ativos à venda na Argentina, incluindo duas concessões de ferrovias.

Até agora conversa com "potenciais investidores", informou a empresa que no ano passado teve prejuízo com a operação na Argentina.

Além da quebra na safra de grãos, as restrições às importações impostas pelo governo afetaram os volumes de cargas transportadas.


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