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Indústria deve melhorar lição de casa, diz presidente da Fiat

Para Cledorvino Belini, que também dirige a Anfavea, montadoras podem fazer mais para aumentar competitividade

GABRIEL BALDOCCHI DE SÃO PAULO

A extensão da cadeia na indústria automotiva serviu, mais uma vez, de moeda de troca para o setor negociar incentivos com o governo.

Em 2012, conseguiu a redução do IPI. Em 2013, o tributo volta ao seu nível normal, mas a lógica dos incentivos para um setor considerado "a indústria das indústrias" está longe de acabar.

"Sempre existiu e sempre continuará existindo", diz o presidente da Fiat na América Latina, Cledorvino Belini.

À frente da líder em vendas em 2012 e prestes a deixar a presidência da Anfavea (associação das montadoras), Belini recebeu a Folha em seu escritório de São Paulo, onde falou sobre temas como competitividade e inovação.

Para ele, a indústria nacional não é competitiva e precisa melhorar a lição de casa de reduzir custos.

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Folha - O que uma montadora precisa ter para ser líder no mercado brasileiro?

Cledorvino Belini - É uma pergunta de milhões de dólares... bilhões de dólares (risos). A primeira coisa, mais importante, é interpretar os anseios do consumidor. Nem sempre ele pede uma característica do produto. Há tecnologias que você tem de desenvolver para se antecipar.

Qual é a grande inovação que a Fiat Brasil já fez?

O combustível alternativo e o sistema flex, que foi a própria Magnetti Marelli (grupo Fiat) que desenvolveu.

Em uma declaração no ano passado, Sergio Marchionne [presidente-executivo mundial do grupo] elogiou os incentivos e o nível de financiamento, da ordem de 80%, conseguido para a fábrica em Pernambuco. Precisaria ter uma fatia tão relevante de financiamento público?

O investimento vai aonde você tem rentabilidade, aonde você tem financiamento. O mundo inteiro financia abertura de fábrica. A indústria automobilística é a maior cadeia, basta ver que representa 23% do PIB industrial, no mundo inteiro. É vista como a indústria das indústrias.

É fator de competitividade?

Hoje em dia, para atrair fábricas, é. Na disputa para a produção de um produto, financiamento e incentivos são fatores importantes.

A indústria brasileira é competitiva?

Não. Tanto é que sofre o risco... sofria o risco da desindustrialização. O outro fator que complica é a indexação. Venceu um aluguel, você tem de pagar IGP-M, então existe um processo que vai encarecendo o custo. E você não consegue aumentar a produtividade com altos níveis de custos que estamos sofrendo.

Como as empresas podem contribuir?

Acho que as empresa estão fazendo tudo aquilo que melhora a qualidade e reduz o desperdício. Talvez precise incrementar mais essa lição de casa, mas, quando a base de custos é mais alta que a internacional, não há competitividade para exportar e se cria espaço para importar.

A indústria automobilística poderia puxar esse processo de competitividade nacional?

O Inovar-Auto é uma ponte justamente para isso. É óbvio que, se não atacarmos a questão das matérias-primas, da redução dos encargos...

Há quem diga que o Inovar-Auto é frouxo nas exigências e que montadoras instaladas no Brasil há algum tempo vão ter facilidade de cumpri-las.

É uma questão de investimento. Se a Fiat fez investimento e está mais bem estruturada, por que os outros não fizeram? Para criar competitividade, tem que investir.

Se, no ano passado, não tivesse havido a redução do IPI, a indústria cresceria?

Não. Seria negativo. Até o mês de maio, éramos -4,5% [em vendas] em relação a 2011 e numa curva decrescente.

Como você reage às críticas de medida protecionista?

Muito pelo contrário, porque está aberta a todos os que querem investir no Brasil e desfrutar do mercado.

Por que o carro custa mais no Brasil?

É uma questão do custo do país e efeito da moeda. E temos uma das mais altas cargas tributárias do mundo.

Há uma hipótese de margens elevadas das montadoras...

Os investimentos vão aonde dá rentabilidade. O mais importante é que tem de ter atratividade das margens para continuar investimentos.


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