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"Não adianta apenas ter uma ideia, é preciso mostrar que há mercado"

Para principal executiva da Endeavor, empreendedor ideal deve pensar grande, mas ser humilde

Entidade apoia negócio de alto impacto em 18 países; Linda chegou a ser chamada de louca quando quis criar a organização

FILIPE OLIVEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ela foi chamada de "chica loca" quando decidiu criar uma instituição sem fins lucrativos com a meta de incentivar o empreendedorismo na América Latina.

Quinze anos depois, Linda Rottenberg é CEO e co-fundadora da Endeavor, que apoia empreendedores de alto impacto em 18 países, como Brasil, Argentina, Egito, Truquia e Marrocos.

A partir da seleção e aproximação de empreendedores com mentores experientes, a Endeavor participou do desenvolvimento de cerca de 50 empresas no Brasil.

Dentre as beneficiadas, estão o site de comparação de preços Buscapé, a rede de fast-food Spoleto e o instituto Beleza Natural, especializado em cabelos crespos e ondulados.

Os primeiros mentores no Brasil foram os empresários Jorge Paulo Lemann e Beto Sicupira, sócios bilionários do grupo de investimentos brasileiro 3G Capital.

Segundo a executiva, o empreendedor ideal não pode só estar apaixonado por uma ideia; precisa saber mostrar que ela tem um mercado.

Ao todo, a Endeavor analisou 30 mil empreendedores e apoiou cerca de 800. Em 2012, suas empresas geraram mais de 225 mil empregos pelo mundo, diz Rottenberg.

A CEO do grupo estará no Brasil para participar do Global Entrepreneurship Congress, que acontece entre os dias 18 e 21 de março no Rio.

Em entrevista para a Folha, Linda conta como decidiu criar a Endeavor e o que mudou na América Latina nos últimos 15 anos.

Hoje em dia, diz ela, é "sexy" ser empreendedor.

"Antes você teria medo de dizer para seu companheiro que iria se tornar empreendedor, ele iria pedir o divórcio. Agora você é o rock-star", compara.

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INSPIRAÇÃO

Eu vim morar na América Latina depois de concluir minha graduação em direito. Fiquei em Buenos Aires, mas também conheci São Paulo e Rio.

Em 1994, estava muito empolgada com o movimento de empreendedorismo que acontecia nos EUA.

Era a época do Netscape, Yahoo, Bill Gates e Steve Jobs.

Por outro lado, muitas pessoas que conheci na Argentina e no Brasil desejavam um emprego público. Perguntava a eles porque não começavam uma empresa e diziam que ninguém os apoiaria.

Um dia tomei um táxi na Argentina e o motorista disse que era formado em engenharia. Perguntei porque ele não abria um negócio. Mas não conseguia encontrar a palavra certa, não era "empresário".

Percebi que não existia uma palavra para descrever a atividade empreendedora em espanhol ou português.

Daí pensei em uma organização que não estivesse focada nem em microfinanças, nem em grandes empresas, mas, sim, nos negócios com alto potencial de crescimento.

TRADIÇÃO X INOVAÇÃO

Há 15 anos existiam principalmente negócios familiares, alguns muito bons, mas nenhuma start-up de internet. Agora todos os dias temos uma nova.

Acho que precisamos dos dois, tanto das empresas tradicionais como também das de internet.

Uma das minhas empresas brasileiras preferidas é a Beleza Natural, que emprega 500 funcionários no Brasil com produtos para cabelo.

As pessoas não pensavam grande. Antes, iniciavam um negócio pensando apenas no Rio de Janeiro. Mas por que não em todo o Brasil? Ou na América Latina? No mundo?

E agora é sexy ser empreendedor. Antes você teria medo de dizer para seu companheiro que iria se tornar empreendedor, ele iria pedir o divórcio. Agora você é o rock-star.

EMPREENDEDOR IDEAL

Nós focamos em empreendedores que estão em um ponto de inflexão, que precisam de alguma ajuda para se tornarem realmente grandes.

Não basta serem apaixonados por uma ideia, precisam mostrar que existe um mercado ali. Vamos ajudá-los a pensar maior e serem maiores.

Também queremos pessoas que saibam trabalhar em equipe. Não dá para ser um rock-star sem uma banda de rock.

Além disso, preciso que as pessoas queiram "mentorá-lo". Não basta ser um empreendedor serial com ótima formação, mas arrogante. É uma combinação dessas coisas. Humildade, mas pensando grande. Muito difícil!

Ser louco é um elogio. Se você não é chamado de louco, significa que não pensou grande o suficiente.

Se ninguém te chamou de louco, deve ser porque mais alguém está fazendo o que você pensou. Mas existe uma fina linha entre um pouco louco e muito louco (risos).

CRENÇA

Amo os empreendedores, principalmente os de alto impacto. A Endeavor fez uma pesquisa com o Economic Fórum e a Universidade de Stanford e observou 200 empresas em 32 países: 5% das empresas geravam dois terços dos empregos e do faturamento.

Se você quer mover as coisas na economia, acredito que será com os empreendedores de impacto. E eles vão inspirar outros empreendedores.

FUTURO

Nossa meta é chegar a 25 mercados até 2015. Também vamos atuar diretamente com empreendedores dos Estados Unidos, em Miami.

Se você sai do Vale do Silício, Nova York e outros polos... Em lugares como o Texas é difícil ser empreendedor. Em Miami ainda falta muita coisa.

Queremos ir para lá e dizer: 'Não queremos que vocês levem seus talentos para o Vale do Silício'. Queremos desenvolver o local.


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