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Análise

Apesar de discurso, Obama tem pouco capital político para gastar

MICHAEL COHEN DO “GUARDIAN”

O presidente Obama fez um ótimo discurso em Jerusalém anteontem sobre as perspectivas de paz entre israelenses e palestinos.

Pediu aos israelenses que reconheçam o imperativo moral e de segurança de um Estado palestino.

Destacou os perigos que a democracia israelense vai enfrentar se o Estado judaico prosseguir no rumo atual.

E pediu aos israelenses que olhem para os palestinos não como homens-bomba ou potenciais terroristas, mas seres humanos dotados do mesmo desejo de liberdade e autonomia que o povo judaico.

Fato estranho foi que Obama, ao apresentar esses pontos, estava empurrando uma porta que já se encontra aberta. A maioria dos israelenses aceita a ideia de um Estado palestino: pesquisas de opinião indicam que dois terços dos israelenses aceitam um Estado palestino ao lado do Estado de Israel.

O que os impede de avançar é a convicção de que um arranjo desse tipo nunca poderá ser concretizado e que a liderança palestina jamais poderá ser parceira real na paz.

O que os israelenses precisam é, para cunhar uma frase, um mapa do caminho que conduz à paz. E aqui Obama ofereceu pouco, limitando-se a exortar: "Peço a vocês que reflitam sobre o que pode ser feito para construir a confiança entre povos."

Mas os tempos de construir confiança entre israelenses e palestinos ficaram no passado. O que é necessário são planos, processo e um papel ativo dos EUA para aproximar os dois lados.

Discursos que apresentam os benefícios da paz são muito bons, mas parecem quase não vir ao caso quando se considera o pé em que o conflito está hoje, em vista da necessidade urgente de progresso e liderança ativa dos EUA.

Isso é pedir muito do presidente Obama. Como deixaram claras as audiências do secretário da Defesa, Chuck Hagel, não há muitos incentivos domésticos nos EUA para se tomar posições em relação ao conflito que envolvam declarar verdades difíceis a Israel.

E, com muitos desafios em casa, há boas razões para Obama não querer gastar capital político com os israelenses e os palestinos.

Quase todos os observadores da região concordam que a única força externa com o potencial de empurrar o processo de paz para frente de modo não violento é os EUA.

Uma coisa que se depreende das palavras de Obama é que ele acredita realmente no que acha que precisa acontecer entre israelenses e palestinos. Mas não está claro se ele está disposto a arriscar o prestígio de sua admiração para alcançar essa meta.


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