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Análise

Depois de 2007, sistema bancário parece arapuca gigantesca

RICHARD SEYMOUR DO “GUARDIAN”

Todos os bancos de Chipre estão parados desde o dia 15 de março. Existe um risco real de colapso do sistema bancário do país, que realizou apostas altamente irresponsáveis tanto com o dinheiro dos pequenos poupadores quanto com "capital de proveniência desconhecida".

E um princípio da economia moderna é o de que o sistema financeiro precisa ser protegido, custe o que custar.

É tentador perguntar "por que não podemos deixar que quebrem?" Mas a resposta óbvia é que isso seria uma imensa irresponsabilidade.

As economias dos trabalhadores seriam destruídas, as casas hipotecadas seriam confiscadas. Isso aceleraria uma imensa crise econômica não apenas em Chipre, mas em boa parte da Europa -e ela destruiria os padrões de vida.

Essa ameaça força populações inteiras a aceitar uma forte miséria social em troca do resgate aos bancos. Certamente, a ideia de abolir os bancos, dado o contexto atual, pareceria utópica no pior sentido, o de fantasia ociosa.

Mas o que o sistema bancário faz e é realmente necessário para nós? No sistema atual, os bancos executam diversas tarefas operacionais.

Os bancos comerciais operam como casas de compensação para os intercâmbios comerciais, reduzindo os custos de circulação e garantindo a validade dos títulos de comércio como medida de valor.

Eles também mediam entre poupadores e devedores e, ao oferecer crédito, ajudam a superar desequilíbrios entre a produção e o consumo.

Os bancos de investimento ajudam empresas a levantar capital, e assim direcionam o investimento às áreas em crescimento de uma economia.

Na prática, é claro, os bancos fazem muito mais que isso. Os bancos comerciais deixaram para trás os empréstimos diretos e passaram a vender produtos financeiros nos mercados de títulos.

Os bancos de investimento desenvolveram técnicas cada vez mais emaranhadas para permitir que investidores gerem mais e mais lucros com base em valor econômico "menor" -apostando em derivativos de alto risco e obrigações caucionadas de dívida. Em um mercado em alta, tudo isso parecia esplêndido.

Depois de 2007, o sistema parece uma gigantesca arapuca. Para parafrasear o que disse Marx sobre religião, a demanda de abolir bancos é uma demanda de abolir a situação que os torna necessários.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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