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Mujica provoca mal-estar com Argentina

Sem saber que fala estava sendo transmitida, presidente do Uruguai chama Cristina de 'velha' e Kirchner de 'caolho'

Chanceler argentino convocou embaixador uruguaio em Buenos Aires para que ele desse explicações sobre caso

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

"Esta velha é pior que o caolho" ("esta vieja es peor que el tuerto"), disse o presidente uruguaio José "Pepe" Mujica sobre Cristina Kirchner -"caolho" seria seu antecessor e marido, Néstor, que era estrábico-, sem perceber que suas palavras estavam sendo transmitidas ao vivo pela página na web da Presidência da República.

O chanceler argentino, Héctor Timerman, convocou o embaixador do Uruguai para que ele explicasse o comentário, que provocou "profundo mal-estar", segundo nota entregue ao diplomata uruguaio pelo Ministério das Relações Exteriores.

O assunto ganhou grande repercussão na Argentina, tomando espaço das enchentes nos noticiários, e até mesmo virando "trending topic" (#EstaViejaEsPeorQueElTuerto) no Twitter.

Mujica estava em reunião com o prefeito da cidade de Florida, Carlos Enciso, e conversava sobre as dificuldades das relações do Uruguai com a Argentina.

Nos últimos meses, o governo uruguaio vem lançando críticas ao argentino por causa das travas comerciais, que prejudicam a economia do Uruguai.

Na conversa, Mujica ainda disse que, "para conseguir algo" com a Argentina, era necessário dialogar antes com o Brasil. "O caolho era mais político, esta senhora é mais teimosa."

No documento entregue pela chancelaria argentina ao Uruguai, também se lê: "A República Argentina reforça que é inaceitável que comentários que ofendem a memória de uma pessoa falecida, que não pode replicar nem defender-se, tenham sido realizados por alguém a quem o dr. Kirchner considerava seu amigo".

A carta diz ainda que Cristina Kirchner não se manifestará sobre as declarações de Mujica e que as relações históricas entre os dois países não deveriam ser afetadas pelo episódio.

ANTECEDENTE

O caso fez os argentinos lembrarem-se do ex-presidente uruguaio colorado Jorge Batlle, que, em 2002, também sem perceber que estava no ar, disse que os vizinhos "são um bando de ladrões, do primeiro ao último".

As declarações de Batlle foram ao ar em uma gravação realizada pela agência Bloomberg.

O episódio rendeu, naquela oportunidade, um problema diplomático para os dois países, e Batlle acabou vindo pessoalmente à Argentina para desculpar-se com o então presidente Eduardo Duhalde, que o recebeu formalmente na residência de Olivos.

Mujica reagiu ontem mesmo à polêmica. "Não vou andar pelo mundo explicando nada, que inventem as bobagens que queiram", disse o presidente uruguaio.


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