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Japão vai injetar US$ 1,4 tri na economia
Programa de estímulo anunciado pelo Banco Central visa combater deflação; anúncio faz Bolsa do país subir
Objetivo da medida é provocar aumento de salários para que consumidores comprem em vez de poupar
O Banco Central do Japão anunciou um programa maciço de alívio quantitativo -no valor de US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 2,8 trilhões), dobrando a base monetária nacional-, num esforço drástico para restaurar a saúde da economia e acabar com a deflação que aflige a terceira maior economia do mundo há mais de uma década.
Como parte de um novo conjunto de medidas conhecido como "abenomics", formulado pelo novo primeiro-ministro, Shinzo Abe, o Banco do Japão vai comprar 7 trilhões de ienes de títulos governamentais a cada mês com a finalidade de reativar a demanda e empurrar preços e salários para cima.
Haruhiko Kuroda, o novo presidente do BC, descreveu a medida como "alívio monetário em uma dimensão inteiramente nova".
Ele prometeu ter como meta dobrar o tamanho da chamada base monetária -a quantidade de dinheiro que circula na economia mais as reservas mantidas por instituições financeiras no Banco Central-, na esperança de elevar a inflação para 2% no prazo de dois anos.
A abordagem mais agressiva para enfrentar os problemas econômicos do Japão vinha sendo acompanhada de perto, mas, mesmo assim, a escala da operação pegou os mercados financeiros de surpresa, levando o índice Nikkei de ações a subir 2,2%.
DEFLAÇÃO
Num comunicado, o banco disse que quer "mudar drasticamente as expectativas dos mercados e das entidades econômicas" e "levar a economia japonesa a superar a deflação, que já dura quase 15 anos".
O Federal Reserve (o banco central americano) -partidário entusiasmado de políticas monetárias ditas "não convencionais", como o alívio quantitativo- está gastando US$ 85 bilhões por mês, pouco mais que os US$ 70 bilhões mensais previstos pelo Banco Central do Japão, numa economia quase três vezes maior que a japonesa.
A nova e radical dose de alívio quantitativo chega ao lado de incentivos fiscais do governo que visam incentivar firmas a elevar salários, na esperança de que os consumidores reajam gastando mais, permitindo que os preços também subam. A deflação persistente tende a incentivar os consumidores a poupar seu dinheiro no banco, enquanto aguardam que os preços caiam ainda mais.
Os juros sobre as obrigações do governo japonês caíram para um patamar recorde após o anúncio do Banco do Japão, que também incluiu a promessa de comprar obrigações com vencimento em até 40 anos, ajudando a reduzir os custos dos empréstimos de longo prazo na economia. O banco aumentará suas aquisições de outros ativos.
Tradução de CLARA ALLAIN