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Enterro de palestino que morreu na prisão leva a onda de protestos

Aliados de Abu Hamdiyeh dizem que ele não recebeu de Israel tratamento adequado para câncer

Houve manifestações violentas em diversas cidades; na faixa de Gaza, foguetes são lançados contra Israel

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL A HEBRON (CISJORDÂNIA)

O prisioneiro Maysara Abu Hamdiyeh, morto na terça-feira, foi enterrado ontem em Hebron com honras de mártir -homenageado com tiros de metralhadora para o alto.

Condenado à prisão perpétua devido à tentativa de explodir um café em Jerusalém, em 2002, Abu Hamdiyeh tinha câncer de esôfago. Para as autoridades palestinas, houve negligência de Israel. A opinião era compartilhada nas ruas de Hebron.

"Ele não recebeu o tratamento que impediria o câncer de se espalhar", disse à Folha a estudante Marwa Abu Hamdiyeh, sobrinha do prisioneiro. Entre cantos e disparos feitos por homens mascarados, ela reclamou do tratamento israelense prestado aos prisioneiros.

"Os israelenses foram brutais com Abu Hamdiyeh", afirmou o universitário Muhammad Tamimi.

Israel, porém, nega descuido no trato a Abu Hamdiyeh -que morreu em um hospital, onde recebia tratamento. O câncer fora diagnosticado como terminal, e já havia um processo em andamento para a sua soltura.

"Ele vinha sendo medicado desde fevereiro", disse Sivan Weizman, porta-voz do sistema penitenciário israelense, à reportagem. "Nós estamos investigando os procedimentos médicos e, quando terminarmos, iremos divulgar os resultados", afirmou.

A morte de Abu Hamdiyeh desencadeou uma série de protestos pela Cisjordânia, com embates violentos.

Anteontem, dois palestinos morreram em confrontos. As autoridades palestinas afirmam que eles foram atingidos por disparos das Forças de Defesa de Israel.

Na faixa de Gaza, foguetes foram disparados contra Israel pelo terceiro dia seguido, sem registro de vítimas.

Uma brigada ligada à rede terrorista Al Qaeda assumiu a autoria dos disparos, justificados como resposta à morte de Abu Hamdiyeh.

NEGOCIAÇÃO

A questão dos palestinos detidos é sensível para a população árabe -que os chama de "asir", termo árabe para "cativo", e não de "sajin", "prisioneiro".

Eles são vistos, por definição, como heróis. "Todos os que morrem na prisão são mártires", disse o estudante Fajer al Hadi.

Os prisioneiros serão um dos assuntos principais nas mesas de negociação de paz, caso o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, decidam retomar o diálogo.

John Kerry, secretário de Estado dos EUA, deve abordar o assunto em sua visita, nos próximos dias.

"Os palestinos não vão concordar com a paz sem que haja a soltura dos prisioneiros", diz Ronni Shaked, ex-integrante do Shin Bet (órgão de segurança de Israel).

Os palestinos pedem que sejam soltos ao menos aqueles que foram presos antes dos acordos de Oslo, de 1993.


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