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Análise

Cenário político mudou, mas resultado final é difícil de prever

DANIEL MACK ESPECIAL PARA A FOLHA

Foi superado o primeiro obstáculo legislativo no longo caminho de (alguma) reforma das permissivas leis de controle de armas dos EUA.

Não é pouca coisa: o Congresso não toma medida significativa desde 94 para conter a violência no país mais rico e armado do mundo.

Pode-se dizer que a sucessão de massacres culminando em Newtown mudou o cálculo político em Washington. São novos ares, ainda que forte resistência a qualquer regulamentação persista.

Dezesseis senadores republicanos acompanharam a maioria democrata do Senado, permitindo deliberações para definir proposta de nova lei --fato inimaginável poucos meses atrás, dado o temor de retaliação política do lobby das armas, a National Rifle Association (NRA).

Na atual conjuntura política dos EUA, altamente polarizada, 68 votos no Senado são fato significativo. Dado o modus operandi da Casa, espera-se com relativa segurança que uma lei seja proposta e votada em algumas semanas. O teor final da legislação é bem mais difícil de prever.

O voto contrário da maioria dos senadores republicanos para simplesmente deliberar nova lei --e a posição sobre armas de vários senadores que ontem votaram a favor por princípio-- sugere que a aprovação de legislação que venha a diminuir os níveis de violência armada do país continua sendo uma batalha homérica.

E qualquer resultado tramitará depois na Câmara, ainda mais resistente ao controle de armas.

Certamente, a proposta que surgir não terá todos os elementos necessários para mudar drasticamente os números da violência nos EUA. Por exemplo, a proposta de voltar a proibir armas de assalto para civis parece politicamente natimorta.

Mas há elementos na legislação inicial que podem sobreviver ao debate político e lograr outro importante passo: a criminalização federal do tráfico de armas e a expansão do sistema de verificação de antecedentes para potenciais compradores.

Esta última parece ter as melhores chances de sucesso, pois um acordo político logrado entre dois senadores de cada partido propõe que todas as vendas comerciais de armas tenham que se submeter à checagem.

Hoje somente compradores em lojas são aferidos --mas estima-se que até 40% das vendas nos EUA sejam feitas nas feiras de armas, sem qualquer controle.

Mesmo que passos largos ainda não sejam politicamente possíveis, os EUA pós-Newtown são um país mudado. Não é coincidência que Obama tenha ligado ontem a familiares das crianças assassinadas naquela escola, dando-lhes crédito pela vitória.

Resta descobrir se a mudança politica será suficiente para criar leis que possam realmente prevenir a repetição de massacres --e fazer diminuir o número de mortes por armas de fogo, sem par em países desenvolvidos.


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