Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Eleito enfrentará um quadro complexo e não poderá deixar de buscar consensos

VLADIMIR VILLEGAS ESPECIAL PARA A FOLHA

A Venezuela sofreu um grande impacto com a morte de Hugo Chávez, mas a vida continua, tanto que dentro de poucas horas saberemos quem será o sucessor do líder morto --e desde já imaginamos que as coisas não serão fáceis para ele.

Quem for eleito terá que enfrentar um quadro complexo: um país profundamente dividido politicamente, abalado por uma inflação que não dá trégua há muitos anos, abatido por uma situação econômica marcada pelo desabastecimento, por uma dívida externa que passa tranquilamente dos US$ 100 bilhões e por níveis de insegurança que converteram a vida quase em uma loteria.

Governar a Venezuela deixada por Chávez não será fácil para nenhum dos candidatos com maior capacidade de atrair eleitores.

Nem Maduro, com todo o legado que lhe deixou o presidente morto, nem Capriles, com sua condição adquirida de líder indiscutível da oposição, poderão prescindir da busca de consensos para conseguir levar seus programas de governo adiante.

Maduro precisará recorrer à liderança coletiva para suprir o vazio deixado pelo comandante, negociar com os fatores internos civis e militares e não descartar a abertura de espaços de diálogo e encontro com oposicionistas e o setor privado para dar estabilidade a seu governo.

Capriles enfrentará um quadro adverso. Vinte dos 23 governadores fazem parte do chavismo. A maioria na Assembleia Nacional também, e é indiscutível que a maioria absoluta dos integrantes do Tribunal Supremo de Justiça, do Poder Eleitoral e do Poder Cidadão (Defensoria do Povo, Procuradoria-Geral da República e Controladoria-Geral) está alinhada com o projeto político imperante durante estes 14 anos.

Para ambos, o tratamento a ser dado à complexa questão militar gerará dificuldades graves, porque durante quase 15 anos a Força Armada Nacional teve como comandante um dos seus, não obstante ter sido deposto durante 48 horas angustiantes.

Maduro, líder político e sindical não muito ligado ao mundo militar, precisará de seu companheiro e eventual figura contrastante Diosdado Cabello, presidente do Parlamento, militar que acompanhou Chávez assim que a oportunidade se apresentou e homem com influência na instituição armada.

Capriles enfrentará um setor profundamente influenciado pelo pensamento chavista, no qual existem oficiais não comprometidos com essa visão, mas que estão em franca minoria hoje.

O mais necessário para ambos, contudo, é efetuar as correções numa economia sustentada pela receita petrolífera, e o desafio seria realizá-las sem prejudicar significativamente as políticas sociais.

O novo presidente será eleito para um mandato de seis anos, mas na metade desse período pode ser ativado o referendo revogatório previsto na Constituição. Esse fantasma, já vencido por Chávez em 2004, não deixará seu sucessor dormir tranquilo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página