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Ativista afirma que eleição no Irã não será livre nem justa

Para Hadi Ghaemi, 45, candidatos de agenda reformista não serão autorizados pelo regime na disputa de junho

Iraniano avalia que o quadro político hoje é diferente do da eleição de 2009, com censura à rede em seu maior nível

RODRIGO RUSSO DE SÃO PAULO

Para o iraniano Hadi Ghaemi, 45, diretor-executivo da ONG Campanha Internacional por Direitos Humanos no Irã, as eleições presidenciais de junho no país não podem ser consideradas "livres ou justas de qualquer maneira".

O quadro político, portanto, é bastante diferente do que ocorreu nas eleições de 2009, quando havia dois candidatos reformistas na disputa --que garantiu a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad e resultou em protestos motivados por suspeitas de fraude no resultado, coibidos com violência pelo governo.

"Há quatro anos, tivemos eleições competitivas, com Hossein Mousavi e Mehdi Karoubi na oposição. Hoje, estão em prisão domiciliar, sem que haja nenhuma acusação contra eles. A elite política se torna menor e menor a cada dia", afirma Ghaemi.

Enquanto isso, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do regime, se torna cada vez mais um ditador com plenos poderes, segundo o ativista, e se assemelha a um rei.

"A República Islâmica do Irã não é mais uma república, porque Khamenei controla tudo de perto, tampouco islâmica, porque a religião prega a paz, e não a violência e as execuções que o regime vem cometendo."

Mesmo assim, com a censura em alto nível e liberdades "praticamente inexistentes" deixando parte da população apática e distante do jogo eleitoral, Ghaemi avalia que há potencial para novos protestos e conflitos nas eleições de 14 de junho.

O ativista avalia que a disputa será "uma guerra interna", já que Ahmadinejad se distanciou de Khamenei e aderiu a uma retórica mais reformista, para agradar à classe média e tentar eleger o seu sucessor no poder.

Seu candidato, porém, precisará ser previamente aprovado pelo Conselho dos Guardiões, que supervisiona as eleições e é controlado pelo líder supremo.

A aprovação prévia dos candidatos, na opinião de Ghaemi, pode afastar o ex-presidente Mohammad Khatami (1997-2005) de concorrer novamente ao cargo como representante reformista.

O ativista, que vive em Nova York, veio a São Paulo na semana passada para dar palestra a estudantes de relações internacionais sobre requisitos de um "player global" na área de direitos humanos --e, em conversa com a Folha, criticou o comportamento do governo brasileiro.

"Estou decepcionado com o Brasil. Lula não fez muito por nós, e seu abraço em Ahmadinejad foi um momento chocante. Dilma, que antes da posse afirmou categoricamente apoiar os direitos humanos, infelizmente continua a se abster em resoluções da ONU sobre o país. O Irã não é só o regime", avalia.

Para Ghaemi, o Brasil pôde experimentar de forma direta a forma do regime de escapar das pressões externas.

"Quando o diplomata iraniano foi acusado de molestar meninas em uma piscina em Brasília, no ano passado, a primeira reação das autoridades foi dizer que isso era devido a diferenças culturais'. Sempre que pressionados na arena internacional em temas como tortura, execuções, repressão a minorias, recorrem a esse argumento."

Ghaemi crê que o Ocidente deve investir mais em diplomacia, com opções mais criativas, para resolver os problemas iranianos, inclusive na questão nuclear.


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