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Maduro declara emergência no setor elétrico

Presidente da Venezuela convoca militares para garantir segurança do setor e atribui apagões a sabotagem da 'direita'

Decreto libera contratos sem licitação; segundo especialista, medida é 'desculpa' do governo para ocultar ineficiência

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em meio a constantes apagões na Venezuela, o recém-eleito presidente do país, Nicolás Maduro, decretou ontem "estado de emergência elétrica", válido por 90 dias, e convocou as Forças Armadas para garantir a segurança das instalações de energia.

A Venezuela declarou esse tipo de emergência na crise energética de 2010, na gestão Hugo Chávez. Na época, militares já cuidavam da segurança do setor. Agora, no entanto, o governo diz que a presença militar é necessária para impedir "sabotagem", mas não dá detalhes do que seria.

Em discurso, Maduro apontou, sem citar nomes, um plano da "direita" para sabotar o sistema elétrico durante a campanha que levou à eleição presidencial, na qual ele derrotou Henrique Capriles.

"Há cerca de 50 detidos [acusados de sabotagem], todos ligados à direita, militantes de partidos da burguesia. É preciso ser muito perverso para ter responsabilidade por uma empresa e deixar Estados sem luz por razões políticas", declarou o presidente.

O governo também culpou pelos apagões consumidores que classifica de perdulários.

Críticos, porém, atribuem os blecautes à má administração e à ineficiência do setor após a nacionalização promovida por Chávez, que ocupou a Presidência desde 1999 e morreu no dia 5 de março.

O novo ministro de Energia venezuelano, o militar Jesse Chacón, admitiu que o investimento não acompanhou a alta no consumo, mas diz que há desperdício. Além disso, clientes comerciais estariam usufruindo de subsídios a que só os residenciais têm direito.

O decreto, além de prever a instalação de zonas militarizadas em volta das instalações elétricas, permite à Corpoelec --a estatal energética-- "celebrar acordo com provedores independentes, nacionais ou estrangeiros, para contratar e executar obras e comprar bens e serviços".

'DESCULPA'

O engenheiro elétrico José Manuel Aller, da Universidade Simón Bolívar, afirma que a medida é "outra desculpa do governo para esconder sua ineficiência". Ele diz que a Corpoelec já atribuiu apagões a pipas presas em fios de alta tensão e até a uma iguana que se infiltrou na rede elétrica.

Segundo Aller, a dispensa de licitação para contratos de infraestrutura elétrica é um dos pontos-chave da emergência: "Quando Chávez tomou a mesma medida, em 2010, houve denúncias de até 300% de sobrepreço em equipamentos de geração de energia. Muitos funcionários do sistema elétrico enriqueceram nesse período", afirmou.

Para o engenheiro, a única solução é profissionalizar o setor e investir o necessário na manutenção da rede. "Colocar militares para cuidar disso não faz nenhum sentido."

De acordo com dados obtidos pelo engenheiro José Aguilar, colega de Aller, em 2009 a luz demorava, em média, 4,5 horas para ser retomada após um corte. O número saltou para 10,1 horas em 2011.


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