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Brasileiro vai dirigir comércio mundial

Vitória de Roberto Azevêdo sobre mexicano na disputa para liderar a OMC será formalizada hoje em Genebra

Embaixador foi eleito para um mandato de quatro anos na entidade, com direito a uma recondução

BERNARDO MELLO FRANCO ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA

Impulsionado pelo apoio da China e dos países em desenvolvimento, o Roberto Azevêdo, 55, bateu o mexicano Herminio Blanco, candidato dos EUA e da União Europeia, e será o novo diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Ele foi eleito ontem para um mandato de quatro anos, com direito a reeleição. No cargo, terá a missão de destravar negociações para a derrubada de barreiras tarifárias e devolver relevância à entidade, em tempos de crise e retração do comércio global.

A escolha de Azevêdo, 55, representa uma vitória da diplomacia brasileira. A presidente Dilma Rousseff e o chanceler Antonio Patriota se empenharam na campanha desde o fim do ano passado.

O embaixador foi eleito em votação secreta com a participação dos 159 países que integram a OMC. Ele superou outros oito candidatos que disputaram a vaga desde a primeira fase da seleção.

Na etapa final, concluída ontem em Genebra (Suíça), venceu o diplomata mexicano por vantagem de 30 a 40 votos, segundo dirigentes da OMC disseram a seus aliados.

O resultado será anunciado formalmente hoje, sem a divulgação do placar. Pela tradição da entidade, Blanco deve retirar a candidatura para que o novo diretor-geral seja nomeado por aclamação.

Até ontem à tarde, diplomatas brasileiros temiam que um número maior de votos não garantisse a vitória de Azevêdo, já que o adversário contava com aliados mais poderosos e com direito a veto.

A sucessão na OMC não é uma eleição direta. O estatuto afirma que a escolha do diretor-geral deve se dar por consenso e que a votação é um "último recurso".

Isso poderia criar problemas para o brasileiro, que deveu parte de sua vantagem ao apoio maciço de países da África e do Caribe, com participação pouco expressiva no comércio internacional.

Temendo uma contestação do resultado, dirigentes da entidade chegaram a aconselhar o brasileiro a não comemorar vitória ontem.

No entanto, o temor foi dissipado quando Blanco ligou para Azevêdo e reconheceu a derrota na disputa.

O embaixador não quis dar entrevista ontem, mas falou como novo diretor-geral ao site de sua campanha, administrado pelo Itamaraty.

"Nossa visão para a direção-geral da OMC, que favorece o diálogo e a convergência em torno da revitalização do sistema multilateral de comércio, foi muito bem recebida pelos membros durante a campanha", afirmou.

"A candidatura teve uma base de apoios bastante ampla e horizontal, junto a todas as categorias de países."

As declarações deixam claro que Azevêdo vai se esforçar, a partir de sua posse, para combater a ideia de que foi escolhido por países pobres em uma demonstração de força contra os mais ricos.

Ele terá que se apresentar como um diretor-geral capaz de dialogar com os dois hemisférios, sem tomar partido. Um dos desafios é evitar que a divisão que marcou a eleição contamine o mandato.

Segundo aliados, o temperamento conciliador e a rede de contatos tecida desde 1997, quando serviu junto à OMC pela primeira vez, devem ajudá-lo a cumprir a missão.

Azevêdo pedirá licença do Itamaraty para assumir o cargo. Fará isso entre o anúncio oficial da escolha, dia 14, e o início do mandato, em 1º de setembro, quando substituirá o francês Pascal Lamy.

Em Brasília, a vitória é vista como novo passo na afirmação internacional do Brasil, que em 2011 elegeu José Graziano para chefiar a FAO, órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

O maior objetivo do país na política externa continua inalcançado: a conquista da vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.


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