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OMC tem de mudar e romper paralisia, diz seu novo diretor

Brasileiro Roberto Azevêdo faz crítica a protecionismo e promete empenho para destravar negociação comercial

Embaixador diz que não foi eleito para defender interesses brasileiros e descarta conflito entre Norte e Sul na sua gestão

BERNARDO MELLO FRANCO ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA

O novo diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Roberto Azevêdo, disse ontem que a entidade vive um momento crítico e precisa de mudanças para romper a paralisia e não se tornar irrelevante.

Um dia após se tornar o primeiro brasileiro eleito para comandar a organização, ele atacou o protecionismo e prometeu empenho para convencer os países a destravar a chamada Rodada Doha de liberalização do comércio.

"A OMC está num estágio muito crítico. As negociações estão completamente travadas. Há uma paralisia clara no sistema", disse Azevêdo.

"Ou as bases mudam ou o mundo avança e a OMC vai ficar para trás. É isso que nós temos que evitar. Estamos correndo risco de perder um mecanismo muito valioso."

Para o brasileiro, a OMC tem de se modernizar para atuar em áreas como comércio eletrônico e transações financeiras. "Há um risco de caminhar para a irrelevância. Existe um descompasso entre as regras e o que se faz no mundo real dos negócios."

Azevêdo disse que a crise mundial não pode servir de desculpa para adiar ainda mais a derrubada de barreiras comerciais.

"Os compromissos não podem estar subordinados à realidade do momento. Eles têm que fazer sentido em situações de retração e de expansão econômica", disse.

"Sempre haverá países em situação menos favorável para negociar do que outros. Não adianta ficar esperando o momento perfeito."

O embaixador não quis apontar culpados para o travamento da Rodada Doha, há cinco anos. "Francamente, não faz o menor sentido ficar olhando para trás."

Segundo Azevêdo, a busca por acordos para derrubar barreiras comerciais deve começar antes de sua posse, em 1º de setembro, para que a entidade evite um novo fracasso na conferência de Bali, três meses depois.

"Não sei o estágio em que estaremos lá. Muita coisa vai acontecer. Espero encontrar o paciente com o coração batendo e respirando", brincou.

Ao criticar o protecionismo, ele disse que a prática está "generalizada" no mundo. Como embaixador do Brasil na OMC desde 2008, Azevêdo vinha rebatendo críticas ao país por adotar a prática na agricultura e na indústria.

"O problema não está concentrado em dois ou três países", desconversou, ao ser questionado sobre o tema. Ele deixou claro que não foi eleito para representar os interesses do país, e sim para conduzir negociações globais.

"Não estamos falando de uma pessoa que vá defender os interesses brasileiros ou promover o Brasil", disse.

NORTE X SUL

Impulsionado pelo apoio da China e de países emergentes, o novo diretor-geral da OMC bateu o mexicano Herminio Blanco, que tinha a preferência de Estados Unidos, União Europeia e Japão.

Ontem, ele disse que teve apoio em todos os continentes e que não acredita em conflito Norte-Sul na sua gestão.

Mais cedo, o embaixador americano na entidade, Michael Punke, prometeu apoio à administração do brasileiro. "Achamos que ele será um diretor-geral muito bom e vamos trabalhar junto com ele."

A embaixadora do Reino Unido, Karen Pierce, tentou atenuar a irritação do governo brasileiro com seu país, que articulou o apoio europeu ao candidato mexicano.

"Temos uma relação muito forte com o Brasil. Se isso for verdade, é um mal-entendido", disse, sobre o desconforto brasileiro com Londres.

A indicação de Azevêdo foi informada ontem a representantes dos países que integram a OMC. A escolha será anunciada oficialmente, porém, apenas na próxima terça-feira, durante reunião do conselho do órgão.


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