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China será desafio para brasileiro no comando do órgão

MARCELO NINIO DE PEQUIM

O governo chinês, que na reta final da disputa engrossou o lobby em favor do candidato brasileiro, manifestou sua satisfação com a eleição de Roberto Azevêdo para a direção da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Aliada do Brasil na votação, a China será um dos grandes desafios de Azevêdo na chefia da OMC, onde o país é alvo de críticas frequentes por práticas desleais, como dumping, subsídios e desvalorização artificial da moeda.

Embora tenha mantido mistério durante a campanha, a China tornou clara a preferência pelo brasileiro na rodada final da votação, quando a candidatura de Azevêdo ficou identificada com os países emergentes.

"O embaixador Azevêdo é a pessoa perfeita para avançar com a Rodada Doha e colocar o multilateralismo no centro das relações comerciais", disse à Folha Chai Xiaolin, chefe do departamento de OMC no ministério do Comércio chinês.

A ênfase dada à Rodada Doha, a negociação de um acordo de comércio global lançada em 2001, não impediu o país de se lançar em busca de acordos bilaterais de livre comércio.

A China tem acordos desse tipo com 16 países, o mais recente deles assinado com a Islândia, há três semanas.

A última tentativa de destravar a rodada fracassou em 2008, quando um desacordo sobre importações agrícolas contrapôs países desenvolvidos, com os EUA à frente, e em desenvolvimento, encabeçados por Índia e China.

A divisão voltou a se manifestar na seleção do novo diretor-geral da OMC, em que o brasileiro saiu vitorioso sem o apoio dos EUA e da União Europeia. Para a China, porém, Azevêdo é capaz de reduzir as diferenças.

"Ele tem todas as qualificações para servir como ponte entre todas as frentes", disse Chia. "O avanço da Rodada Doha é um interesse comum a todos os países."

Alguns analistas afirmam, entretanto, que a ascensão da China a segunda economia mundial e maior nação exportadora do planeta será um obstáculo para a conclusão da rodada, já que o país asiático tem muito mais poder de barganha e pressão.

João Augusto de Castro Neves, analista da consultoria Eurasia Group, sugere que a rodada lançada há 12 anos tornou-se obsoleta.

"A Rodada Doha começou no mesmo ano em que a China entrou [na OMC], em 2001", lembrou Castro Neves ao "Wall Street Journal". "É um mundo diferente hoje, e a rodada não tem mandato para reconhecer o impacto da China nos últimos dez anos."

Principal alvo de medidas antidumping por parte de seus parceiros comerciais, a China acusa os países que as adotam de protecionismo, incluindo aliados políticos como o Brasil.

Segundo o Ministério do Comércio chinês, em 2012 foram abertos 77 processos de defesa comercial (antidumping e salvaguardas contra importações subsidiadas) contra produtos do país, sendo que 13 pelo Brasil.


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