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Mulher é salva após 17 dias em Bangladesh

Costureira é resgatada de escombros de prédio que desabou em 24 de abril; número de mortos ultrapassa mil

Para irmão, encontro de garota de 18 anos é "milagre"; acidente já é maior tragédia ocorrida na história do setor têxtil

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Era um dia particularmente triste para a equipe de resgate que trabalha há 17 dias para tirar corpos dos escombros de um complexo têxtil que desabou nos arredores de Dacca, em Bangladesh.

O total de vítimas da maior tragédia da história industrial do país ultrapassava a marca de 1.000, informou na manhã de ontem o governo.

Dias antes, os especialistas haviam desencorajado os parentes que seguem fazendo vigília no local, em Savar, a 30 km de Dacca: era praticamente impossível encontrar alguém com vida ali.

Foi então que Abdur Razzaq, um militar parte da equipe de resgate, viu um cano de metal se mexendo em meio aos escombros. Era Reshma Begun. "Salvem-me", alguém escutou, vindo de baixo.

Entre uma coluna e uma viga, numa espécie de bolsão de ar em meio aos escombros, estava Reshma, 18, que conseguiu sobreviver com a comida seca que encontrou e um lote de água que estavam por sorte perto do local, sala de oração para muçulmanos.

Militares e bombeiros usaram serras e britadeiras para cortar o ferro e o concreto que cobriam Reshma. Em 40 minutos, a costureira foi libertada, em meio a aplausos dos agentes.

SEM ESPERANÇA

Na TV, Reshma contou que já havia escutado antes os ruídos do trabalho das equipes de resgaste, que começou no dia do desabamento, em 24 de abril. Disse que já tinha perdido as esperanças.

"Ninguém me ouvia e era terrível. Foi tão ruim para mim... Eu não pensei que fosse ver a luz do sol de novo".

Ela foi encaminhada a um hospital de Dacca, com ferimentos leves. No local, se reencontrou com a família e recebeu a visita da primeira-ministra, Sheikh Hasina.

O irmão dela, Zahidul Islam, disse à agência France Presse que Reshma ganhava entre US$ 50 e US$ 60 por mês e que costumava fazer hora extra para enviar dinheiro para a família no interior.

"Vi seu rosto [na TV] quando a retiraram. E lá estava, era minha irmã!", disse Zahidul, que desde a tragédia fez ronda por hospitais para "olhar cada cadáver que tiravam dos escombros". "A sobrevivência dela é um milagre!"

A história da Reshma é um ponto positivo em meio à tragédia que virou uma crise política doméstica e chamou a atenção para as péssimas condições de trabalho na indústria têxtil do país, que fornece para marcas globais e redes como C&A, GAP e H&M.

Até ontem, as autoridades informaram ter retirado 1.038 corpos do local. Outras 2.500 pessoas ficaram feridas.

Segundo a polícia, a hipótese mais provável é que o desabamento tenha ocorrido por excesso de peso no edifício, que tinha três andares a mais que o permitido. Nove pessoas estão presas acusadas de envolvimento.


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