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Recuperação emocional é vista como possível no caso de 2013

ERICA GOODE DO “NEW YORK TIMES”

Dia após dia, era dele a voz que elas ouviam, dele o rosto que viam.

Era ele que as atormentava e que as liberava, era ele que -por qualquer capricho- tinha o direito de violar suas mentes e corpos, o guardião das chaves e o fornecedor de água e comida. O domínio dele era uma casa decrépita, com janelas bloqueadas por tábuas. Seu controle era absoluto.

Para as mulheres prisioneiras por uma década em Cleveland, o homem que as sequestrou era, para todos os propósitos, seu mundo.

Terapeutas com experiência no tratamento de sobreviventes de traumas dizem que a maneira pela qual as três mulheres -Amanda Berry, 27; Georgina DeJesus, 23; e Michelle Knight, 32- interpretaram esse relacionamento terá importância crítica em sua recuperação, bem como seus esforços, ainda que limitados, para preservar sua identidade diante da intimidação física e psicológica.

As mulheres foram enfim libertadas na última segunda, depois que dois vizinhos responderam a um pedido de ajuda de Amanda e arrombaram a porta da frente da casa. A filha de Amanda, uma menina de seis anos nascida durante o cativeiro, também deixou o local com elas.

Ariel Castro, que de acordo com a polícia manteve as mulheres prisioneiras, inicialmente amarradas e acorrentadas no porão, é alvo de quatro acusações de sequestro e três de estupro.

David Wolfe, cientista sênior e psicólogo do Centro para o Vício e Saúde Mental da Universidade de Toronto, afirma que, em situações de abuso sexual de longo prazo e ameaça à vida, as vítimas inevitavelmente desenvolvem emoções complicadas e ambivalentes com relação ao perpetrador, a fim de sobreviver.

"Você transforma o diabo em algo com que possa conviver", diz ele, acrescentando que a primeira coisa que desejaria saber de alguém que sobreviveu a tamanha provação seria "quais eram seus sentimentos para com a pessoa durante o cativeiro".

DIFERENÇAS

Wolfe e outros terapeutas apontam que todas as experiências traumáticas são diferentes e que muitos detalhes sobre as provações enfrentadas pelas vítimas ainda não foram revelados -alguns dos especialistas acreditam que, para o bem delas, não deveriam ser.

Mas eles dizem que muita gente consegue se recuperar de abusos, mesmo que extremos, com a ajuda da família e de amigos e com o uso de técnicas terapêuticas especificamente projetadas para seus casos -e contando com privacidade, tempo e segurança para aprender a conviver com suas experiências.

"Sabemos que existe determinação e que a recuperação é possível", afirma Judith Cohen, diretora médica do Centro de Estresse Traumático em Crianças e Adolescentes do Allegheny General Hospital, em Pittsburgh.


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