Folha de S.Paulo

Avião é desviado após ameaça de bomba

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A polícia britânica prendeu ontem dois homens que estavam num avião que seguia de Lahore, no Paquistão, para Manchester, no Reino Unido, depois de eles dizerem a um dos comissários de bordo que iriam explodir a aeronave --mais tarde, ambos alegaram que estavam brincando.

A "brincadeira" --dois dias depois do assassinato a facadas do soldado Lee Rigby na periferia de Londres, que reacendeu o medo de ataques terroristas no país-- resultou no desvio do voo, escoltado por caças da Real Força Aérea, para Stansted, ao norte da capital do Reino Unido.

Havia mais de 300 pessoas a bordo do avião da Pakistan International Airlines, 308 passageiros e 14 tripulantes. Segundo a polícia e a empresa aérea, os passageiros presos, cujos nomes não foram divulgados, têm 30 e 41 anos e são cidadãos britânicos.

A polícia britânica afirmou que os dois homens foram presos por "suspeita de pôr em risco uma aeronave" --em princípio, os investigadores descartam ligação do episódio com ações de terrorismo.

Funcionários do governo britânico disseram ao jornal "The New York Times" que o envio de caças é um procedimento-padrão nesses casos.

"Acontece com mais frequência do que pensa --por exemplo, quando se perde o contato com os pilotos e o avião", afirmou um funcionário ao jornal americano, sob condição de anonimato.

RELATOS DIVERGENTES

Os relatos sobre o incidente têm pontos de divergência.

O porta-voz da companhia aérea, Mashhud Tajwar, afirmou que, pouco antes do pouso em Manchester, os dois passageiros disseram a uma comissária de bordo que explodiriam o avião. Ela reportou a ameaça ao piloto, que foi orientado pelo controle de tráfego a desviar a aeronave.

Um dos passageiros do voo, Umari Nauman, relatou em entrevista à emissora de TV Sky News que os dois homens "tentaram entrar na cabine do piloto". "Foram advertidos de que não podiam e, então, começaram a discutir com o pessoal de bordo."

Uma terceira versão foi divulgada pela porta-voz do Ministério da Defesa do Paquistão, Nareeta Farhan --segundo ela, os dois estavam discutindo entre si quando um deles "repetiu duas ou três vezes que ia explodir o avião".

MOMENTOS DE PÂNICO

Mahmouda Aslam, de Manchester, relatou ao jornal britânico "The Guardian" que seu marido, Mohammed, estava no avião. "Você está bem? Está com medo?", perguntou, ao fazer contato com o marido pelo celular. "Está tudo bem", respondeu ele. "O voo está cheio de policiais."

Zohaib Sattar, que esperava pela chegada da sua mulher e do seu pai, contou ter conseguido falar com o pai depois do pouso. "Segundo ele, não houve nenhum aviso nem ameaça --de repente, o avião mudou de rota."