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"Mursi é radical demais", protesta mulher na praça

JERONIMO GIORGI ANGELO ATTANASIO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO CAIRO

"Voltaremos todos os dias até que Mursi vá embora igual a Mubarak", gritava o empresário Alfons, 65, que foi com a família à praça Tahrir, no Cairo, ontem.

A praça, o epicentro dos protestos que levaram à queda do ditador Hosni Mubarak em 2011, voltou a ser ocupada por dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças que gritavam "Erhal" --vá embora, em árabe-- dessa vez para o presidente Mohammed Mursi, o primeiro democraticamente eleito no país após três décadas de ditadura.

Ao cair o sol e em meio ao rebuliço de cornetas e buzinas, Martha, uma mulher de 40 anos, se manifestava ao lado do marido: "A política e as regras de Mursi são ilógicas. Ele é radical demais".

Enquanto um helicóptero do Exército sobrevoava, ameaçador, a praça, ela sentenciou: "A gente precisa comer. Que [Mursi] vá embora".

A crise econômica e medidas consideradas pelos críticos como uma "guinada autoritária" de Mursi e da Irmandade Muçulmana, o grupo islamita ligado ao presidente, minaram sua popularidade nos últimos meses e deram fôlego aos novos protestos, expondo as divisões no país pós-Mubarak.

"Essa é uma nova revolução contra a Irmandade Muçulmana e um regime autoritário", afirma Hani Raslan, analista do Centro para Estudios Políticos e Estratégicos Al Ahram.

"Pode haver choques violentos, mas o regime já caiu", avalia.

O tamanho da manifestação de ontem foi uma vitória para o movimento Tamarod --rebelião, em árabe--, que desde o final de abril vem juntando assinaturas para pedir a saída do presidente e a convocatória de novas eleições.

O porta-voz do movimento, Mahmud Badr, anunciou ontem: "Acabou-se. O povo fez o regime cair. Temos 22 milhões de assinaturas".

A cifra é 9 milhões a mais que os votos que levaram Mursi ao poder.

LADOS OPOSTOS

Às 18h, quatro grandes manifestações se encontraram às portas do palácio presidencial. Apesar dos relatos de violência no resto do país e o ataque à sede da Irmandade Muçulmana na capital, o clima, naquele momento, foi festivo, entre cânticos e bandeiras do Egito.

A poucos quilômetros dali, nas imediações da mesquita de Raba al Adawiya, milhares de partidários do presidente seguiam concentrados desde sexta-feira. Defendiam a legitimidade democrática do governo Mursi.

"Assumi a responsabilidade em um país consumido pela corrupção e estou enfrentando uma guerra para me derrubar", disse Mursi, na quarta-feira, em uma mensagem à nação onde disse também "ter cometido erros".

Ontem, foi a vez de o porta-voz da Presidência refazer o apelo. Repetiu que a oferta do governo Mursi é para abrir um "verdadeiro e sério diálogo nacional".


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