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Renúncias ameaçam governo de Portugal
Chanceler deixou cargo; premiê diz que continua
Acuado por demissões de ministros e pressão da oposição, Pedro Passos Coelho, premiê de Portugal, disse ontem que não vai renunciar.
Em pronunciamento na televisão, Coelho, do partido de centro-direita Social Democrata, disse que vai continuar "a batalha para recuperar a saúde financeira" do país.
Portugal recebeu há dois anos resgate dos credores (União Europeia, Banco Central Europeu e FMI) e agora luta para implantar novos cortes.
A continuidade de Coelho tornou-se incerta após a renúncia, ontem, do chanceler de Portugal, Paulo Portas.
Líder do menor partido da base, o Centro Democrático Social Partido Popular (CDS-PP), Portas --crítico das ações de austeridade-- saiu em reação à sucessão nas Finanças.
O ministro da pasta, Vitor Gaspar, deixou o governo anteontem por "falta de apoio".
Gaspar foi o principal artífice do resgate. Nos últimos meses, acumulava baixas na imposição de seus programas e era contestado por não reduzir o desemprego.
Ele foi substituído por Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro e seu braço direito. Portas já criticara Albuquerque e condenou a escolha do premiê.
O premiê não aceitou a renúncia de Portas. Porém, dois ministros do CDS-PP faltaram à posse de Albuquerque, erguendo temor de mais baixas.
O CDS-PP tem 24 dos 230 deputados do Parlamento luso e dá a maioria ao PSD de Passos Coelho, que tem 108 parlamentares.
A direção do partido fará reunião hoje. Um porta-voz não confirmou se o apoio ao Executivo será mantido.
Com 98 deputados em três partidos, a oposição não pode derrubar o governo ou os cortes sem o apoio do CDS-PP.