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Clóvis Rossi

O novo encontra campo semeado

Pelo mundo, há exemplos de demanda forte por um novo modo de fazer política, slogan de Marina/Campos

Uma versão empresarial de Marina Silva acaba de ganhar a eleição para a Prefeitura do Porto, a segunda maior cidade de Portugal.

Refiro-me a Rui Moreira, que, presidente da Associação dos Comerciantes de sua cidade, foi lançado na política mais ou menos da maneira como a ex-senadora tentou fazê-lo no Brasil: como independente, apoiado por pessoas de diferentes concepções ideológicas e fazendo ou pelo menos falando de uma nova política.

O jornal espanhol "El País" dedicou a ele uma página inteira, o que mostra um impacto além-fronteiras. Moreira usava na campanha um furgão que estacionava em lugar previamente anunciado via Facebook e no qual recebia eleitores para conversar --um misto de boteco com confessionário, relatou o jornal.

A frase-símbolo de Moreira vale para o mundo todo, suponho: "As pessoas estão fartas de ouvir os políticos falarem; querem falar com eles". De fato, há um cansaço mundial com a maneira como se faz política. Por isso, Marina Silva despertou tanto interesse na mídia e em parte do público.

Tarso Genro, o governador petista do Rio Grande do Sul e um dos raros políticos que tentam pensar o país em vez de se dedicar apenas a projetos de poder, acha que Marina e sua aliança com o governador pernambucano Eduardo Campos mudaram o jogo para 2014.

Não será "mais um debate sobre heranças presidenciais e, sim, sobre o futuro", disse ao "Estadão".

É uma maneira de dizer que será um debate sobre o novo, não sobre o passado, como no caso do Porto.

É óbvio que não dá para extrapolar para o Brasil uma situação ocorrida em uma única cidade de um país que, com toda a sua colossal crise do momento, ainda é mais civilizado do que o selvagem Brasil.

Mas há outros sinais, no mundo, de busca de uma nova política. Na Itália, por exemplo, os eleitores deram a maioria relativa dos votos, em fevereiro, a um movimento (5 Estrelas) que se declarava inimigo número 1 da política convencional.

Isso sem mencionar os movimentos de "indignados" que tanto ruído fizeram na Europa, nos Estados Unidos e mais recentemente no Brasil, e que também são uma nova forma de fazer política (com o defeito de que não conseguiram ainda traduzir eleitoralmente as suas propostas, o que os afasta do jogo do poder, que depende da velha política).

O desafio para Marina/Campos é serem vistos como de fato novos. É uma questão de percepção que independe, por vezes, do tempo de estrada na velha política.

Basta lembrar que, em 2002, quem começou o ano eleitoral como novidade e, como tal, líder nas pesquisas foi Roseana Sarney, herdeira de um clã com todos os defeitos da velha política. Ou, antes, como Fernando Collor, uma fraude, vendeu-se como novidade.

Dizer-se o novo, como fazem Marina e Campos, é fácil, mas não basta. É preciso parecer ser, o que depende de sensações quase sempre insondáveis. Em todo o caso, os exemplos de Portugal e da Itália (e não são os únicos) demonstram que o momento é favorável a esse tipo de jogo.


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