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Para Dilma, manifestações de países irão aumentar
PAULO PEIXOTO DE BELO HORIZONTEA presidente Dilma Rousseff disse ontem que crescerão ainda mais as manifestações de países democráticos contra a espionagem política e comercial dos EUA. Ela voltou a pedir regulamentação internacional para a internet.
O comentário foi feito à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte (MG), quando questionada sobre revelações de que o celular da chanceler alemã, Angela Merkel, também foi grampeado pelos EUA.
Dilma, que, como a Petrobras, foi vigiada pela NSA, voltou a afirmar que a espionagem é "inadmissível", porque viola os direitos e a soberania do país, de seus cidadãos e de suas empresas.
Ela repetiu que transmitiu a Barack Obama a "inconformidade do governo brasileiro" e que ele "tem se comprometido a avaliar e a tomar as medidas cabíveis".
Dilma acha, porém, que cada vez mais outras nações levantarão suas inconformidades. "Crescentemente haverá uma reação dos países, porque nenhuma nação democrática vai admitir essa quebra da soberania, essa violação dos direitos humanos, dos direitos civis de sua população, que é isso que se faz através da agência nacional de segurança americana".
Ela disse que o governo brasileiro recebeu a solidariedade dos vizinhos do Mercosul e que nesta semana "vários líderes mundiais se manifestaram de forma bem dura". Ela citou o governo francês e a chanceler alemã.
Em razão disso, Dilma voltou a defender que seja criado um "marco civil multilateral para a governança internacional e o uso da internet".
Esse marco, segundo ela, eliminaria a argumentação de espionagem como forma de combate ao terrorismo.
"[É também] para impedir que qualquer argumentação de combate ao terrorismo (...) seja usada como álibi para a guerra cibernética." Para Dilma, a proteção a essa rede é "essencial para a construção da democracia no mundo".
Ontem, o blog da revista "Foreign Policy" afirmou que Brasil e Alemanha uniram forças para pressionar pela adoção de uma resolução da ONU promovendo o direito à privacidade na internet.