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Clóvis Rossi

2015 começa hoje na Argentina

Resultado da eleição tende a sepultar hipótese de "Cristina eterna" e a abrir corrida sucessória

O ano eleitoral de 2015 na Argentina começa na noite de hoje, depois de divulgados os resultados da eleição que põe em jogo metade dos 257 assentos da Câmara dos Deputados e um terço dos 72 do Senado.

Seja qual for o resultado, "começarão os movimentos eleitorais", imagina, como quase todos os analistas, Shannon O'Neil, pesquisadora-sênior de Estudos Latino-Americanos do Council on Foreign Relations, nos Estados Unidos.

Se a FpV (Frente pela Vitória, o movimento que respalda a presidente Cristina Kirchner) contrariar as pesquisas e obtiver uma vitória retumbante, começará inexoravelmente a campanha para mudar a Constituição, de forma a permitir a re-reeleição da mandatária.

Se, ao contrário, a fragmentada oposição vencer, abre-se uma queda de braço entre Sergio Massa, prefeito de Tigre, município da Grande Buenos Aires, e kirchnerista dissidente, e Daniel Scioli, vice-presidente com Néstor Kirchner (2003/07), hoje governador da fundamental Província de Buenos Aires, que congrega 37% dos eleitores argentinos.

Daniel Scioli quer se tornar o herdeiro do peronismo kirchnerista, que o aceita e rejeita alternadamente. Cristina Kirchner, a menos que sua doença se agrave, ainda tende a ser uma eleitora poderosa em 2015, apesar do desgaste que sofreu nos últimos meses.

Diz, por exemplo, Shannon O'Neill: "Ela ainda manterá poder significativo e a lealdade de muitos no movimento do peronismo, assim como recursos financeiros".

Por isso, parte do peronismo tratará "de negociar com ela [Cristina] em vez de rejeitar seu grupo", completa a analista.

Não é o caso de Massa, que foi chefe de gabinete de Cristina, mas partiu abertamente para a rejeição como forma de afirmar-se como potencial candidato presidencial.

Se é assim, a equação toma esta forma, na avaliação de Fernando Laborda, colunista do jornal opositor "La Nación":

"A diferença que obtenha a lista da Frente Renovadora, encabeçada por Massa, ante a da Frente pela Vitória, que lidera Martín Insaurralde, com o respaldo como protagonista de Scioli, será chave para determinar não só o lançamento da corrida presidencial do prefeito de Tigre [Massa] como o grau de força com que ficará o governador de Buenos Aires [Scioli]".

É a essa diferença que convém prestar atenção hoje à noite, na divulgação dos resultados, porque, em sendo uma renovação parcial, o triunfo global do governo parece certo. Afinal, a frente kirchnerista só põe em jogo 34 dos 110 assentos que ocupa, mais 7 dos 16 que pertencem a seu aliados.

Grosso modo, apenas um terço das cadeiras do governismo estará em risco, ao passo que a oposição joga dois terços de seus assentos.

Em sendo assim, mesmo com uma eleição ruim, como a que as pesquisas apontam para a FpV, sua maioria na Câmara dificilmente será quebrada. Apenas impedirá que atinja os 2/3 necessários para mexer na Constituição, introduzir a re-reeleição e, assim, concretizar o slogan "Cristina eterna" que faz sonhar o kirchnerismo.


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