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Cameron ameaça punir mídia por vazamento
Premiê britânico vê falta de 'responsabilidade social' na divulgação das denúncias de Edward Snowden pela imprensa
Primeiro-ministro diz, porém, que não cogita ir à Justiça; criticados, EUA propõem restrição adicional a espionagem
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, ameaçou agir para impedir que veículos de imprensa publiquem o que ele chamou de "vazamentos prejudiciais" de Edward Snowden, ex-técnico da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA).
"Se eles [os meios de comunicação] não demonstrarem responsabilidade social, vai ser muito difícil para o governo não agir", disse o primeiro-ministro britânico, um dos maiores aliados do governo americano.
Desde junho, quando o jornal britânico "The Guardian" começou a publicar informações vazadas por Snowden --hoje asilado na Rússia--, vários países, incluindo o Brasil, já se queixaram das ações de espionagem realizadas pela agência norte-americana.
Os vazamentos de informações por Snowden também revelaram a colaboração entre a agência de inteligência britânica GCHQ e a NSA --por exemplo, espionando governos aliados durante a cúpula do G20 em Londres, em 2009.
Na sexta-feira, Cameron já havia acusado Snowden e a imprensa --sem citar nominalmente nenhum jornal-- de favorecerem inimigos do Reino Unido, pois os estariam ajudando a evitar a vigilância dos serviços de inteligência. Isso, na avaliação do premiê britânico, torna o país menos seguro.
O chefe de governo, porém, afirmou que prefere não recorrer a liminares, à proibição de publicações ou a outras medidas mais duras para evitar que os dados sejam vazados.
Para Cameron, "é muito melhor apelar ao senso de responsabilidade social dos jornais", disse.
Falando ontem ao Parlamento, ele disse que o Reino Unido deve se sentir orgulhoso das atividades de seus serviços de inteligência.
Em sessão que avaliou a reunião europeia da semana passada, ele defendeu os "heróis e heroínas silenciosos" que trabalham para os serviços secretos britânicos.
"Nossos agentes servem ao país sem nenhum reconhecimento público. Alguns deram suas vidas em ações. E seus nomes são desconhecidos".