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Carro invade praça da Paz Celestial, em Pequim, e 5 morrem

Circunstâncias do acidente não estão claras; governo amplia policiamento em local, palco de protestos em 89

Repórter da BBC que cobria episódio é detida brevemente; menções ao incidente sofrem censurada na internet

MARCELO NINIO DE PEQUIM

Cinco pessoas morreram e ao menos 38 ficaram feridas na manhã de ontem quando um carro invadiu uma área de pedestres na praça da Paz Celestial, em Pequim.

As circunstâncias do atropelamento não estão claras. Mas o fato de ter ocorrido no centro nervoso da capital chinesa, palco dos protestos pró-democracia de 1989, levou a especulações de que não foi um acidente.

Entre os mortos estão o motorista, dois passageiros do carro, uma turista filipina e um turista chinês, segundo o site Qianlong.net, controlado pelo município de Pequim.

Fotos divulgadas por usuários do microblog Sina Weibo (Twitter chinês) mostram o carro em chamas bem em frente à Cidade Proibida, sob o famoso retrato do líder comunista Mao Tse-tung.

Essa e outras fotos semelhantes do incidente foram logo apagadas do Weibo, que é fortemente controlado pelo governo chinês. A censura também impediu a procura por mensagens que incluíssem as palavras "acidente" e "Tiananmen" (nome da praça em chinês).

Os poucos comentários liberados tentavam entender como o carro chegou à área, já que ela é cercada por grades de ferro e blocos de concreto.

O local, situado no coração de Pequim, é o mais policiado da capital. Além da Cidade Proibida, estão o mausoléu de Mao e a Assembleia Nacional Popular (Parlamento). Perto dali fica a sede do Partido Comunista.

A polícia reforçou a já intensa segurança, posicionando dezenas de homens armados na praça, uma das atrações turísticas de Pequim. Placas foram colocadas para impedir a visão do veículo.

"Foi a primeira vez que vi a praça vazia, sem nenhum visitante", contou à Folha a jornalista brasileira Cristiane Modolo, que costuma passar no local com frequência. "Havia muitos policiais."

Uma repórter da rede britânica BBC disse que tentou fazer imagens do incidente e foi detida brevemente pela polícia. Em 30 minutos, segundo ela, o veículo havia sido retirado e o trânsito de carros e turistas havia sido restabelecido.

O incidente de ontem foi o mais grave na praça desde 2011, quando um homem se imolou para protestar contra uma decisão judicial que considerou injusta.

Em 1982, a taxista Yao Jinyun, revoltada por ter sido demitida, invadiu a praça com seu carro, matou cinco pessoas e deixou 19 feridas. Condenada à morte, ela foi executada três dias antes de completar 24 anos.

Marco da fundação da República Popular da China, em 1949, a praça é um local de alta sensibilidade para o governo desde 1989, quando um protesto estudantil foi esmagado pelo Exército.

A repressão deixou centenas de mortos --o número exato jamais foi revelado.


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