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Pressão da Rússia sobre ex-repúblicas provoca mal-estar

Pequena e pobre, Moldova é um dos maiores alvos do Kremlin, que tenta blindá-la contra o avanço europeu

Políticos moldávios, porém, afirmam que táticas só aumentam convicção de buscar outros parceiros

DAVID M. HERSZENHORN DO "NEW YORK TIMES", EM KICHINEV (MOLDOVA)

O vice-primeiro-ministro da Rússia, Dmitri O. Rogozin, não se limitou a avisar que seria um "erro grave" da parte da Moldova procurar estreitar seus laços com a Europa.

Em visita ao país, em outubro, ele fez uma ameaça aludindo ao inverno que se aproxima nesta ex-república soviética, pobre e dependente da Rússia para ter energia e se aquecer: "Torcemos para que vocês não congelem".

Em seguida, o patriarca ortodoxo russo, Kirill 2º, numa rara aparição na Moldova, criticou a Europa, "onde a religião está desaparecendo".

Três dias depois veio o pior golpe: citando preocupações de saúde, as autoridades russas proibiram a compra de vinho da Moldova, um dos principais produtos de exportação do país.

A pressão, que o Kremlin nega, não se dirige unicamente à Moldova.

Com ecos da Guerra Fria, o esforço intensivo para reter influência reflete a fúria das autoridades russas devido à expansão da Otan (aliança militar ocidental) na antiga esfera soviética, além do desejo de barrar uma extensão em direção ao leste do poderio econômico europeu.

Em agosto passado, a Rússia repentinamente barrou todas as importações da Ucrânia na fronteira, impondo inspeções alfandegárias intensivas, suspensas após uma semana.

Em setembro, após um encontro com Vladimir Putin em Moscou, o presidente armênio, Serzh Sargsyan, anunciou que o país fará parte da união alfandegária do Kremlin, jogando fora anos de trabalho para concluir os acordos com a UE.

Depois a Rússia virou-se contra a Lituânia, que está na UE. A Rússia endureceu por pouco tempo as inspeções alfandegárias e proibiu a importação de leite e de outros laticínios.

Mas em nenhum lugar a pressão tem sido mais intensa que em Moldova, país de 3,6 milhões de habitantes, sem saída para o mar, apertado entre a Romênia e a Ucrânia e, de longe, o mais pobre do continente.

Além da proibição de importação do vinho moldávio, há rumores de que dezenas de milhares de cidadãos moldávios que trabalham na Rússia podem ser expulsos em uma campanha de repressão à imigração.

Teme-se que também seja proibida a importação de maçãs ou outros produtos agrícolas moldávios, medida que será devastadora se for aplicada na época da colheita.

COLATERAL

Entretanto, em vez de intimidar os líderes da frágil coalizão governista de Moldova, as táticas da Rússia apenas reforçaram sua determinação de concluir os acordos com a União Europeia.

"Compreendemos que a Rússia tem interesses geopolíticos nesta região, mas existe um ditado aqui: Não se entra no mesmo rio duas vezes'", disse o presidente Nicolae Timofti em entrevista.Em entrevistas, Timofti e outras autoridades moldávias disseram que a abordagem russa está tendo efeito inverso ao pretendido.

Em 2006, quando a Rússia tomou uma medida semelhante, a Moldova exportava mais de 70% de sua produção de vinho à Rússia. Atualmente são 30%.


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