Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Saques atrapalham ajuda a vítimas de tufão

Isolamento de locais afetados nas Filipinas, ataques a comboios e tormenta prejudicam a chegada de assistência

Brasileira da Cruz Vermelha no país relatou que caminhões da entidade têm de viajar sem identificação

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A CEBU (FILIPINAS)

Enquanto autoridades filipinas contam as vítimas do tufão Haiyan, que pode ter matado mais de 10 mil pessoas, uma nova tempestade, a dificuldade de acesso às áreas afetadas e saques atrasam a ajuda às vítimas.

Para reduzir riscos, a Cruz Vermelha tem enviado seus caminhões com ajuda humanitária sem identificá-los com o símbolo da organização.

Jornalistas da agência Reuters viajaram num caminhão que levava 600 sacos de arroz, enlatados e leite do aeroporto de Tacloban, cidade mais atingida, para serem distribuídos na prefeitura.

Um funcionário do governo disse que, por razões de segurança, não há entrega de mantimentos após o escurecer. "Pode haver um ataque". O caminhão foi vigiado por soldados com rifles. "É arriscado", disse Jewel Ray Marcia, tenente do Exército.

A brasileira Graziella Piccolo, número dois da Cruz Vermelha nas Filipinas, disse à Folha que 11 caminhões da organização com suprimentos estão em trânsito, mas não conseguiram chegar às áreas mais afetadas.

"O maior desafio é alcançar as pessoas que estão em áreas longínquas, já que estradas e pontes foram danificadas. O mau tempo dificulta ainda mais", disse.

Aviões dos EUA auxiliavam ontem o Exército local a entregar ajuda aos moradores.

Apesar de bem mais fraca, a tempestade Zoraida deve trazer muita chuva, atrapalhando o trabalho humanitário. A previsão é que atinja o país entre hoje e amanhã.

O presidente Benigno Aquino 3º declarou estado de catástrofe, o que permite ao governo controlar os preços e desbloquear fundos.

Até agora, o Exército confirmou 942 mortes, mas o número pode ser muito maior.

A ONU teme que o total supere os 10 mil e advertiu ao mundo que espere pelo pior quando vier o balanço final. Segundo suas estimativas, cerca de 9,8 milhões de pessoas foram afetadas, quase 10% da população, e 660 mil tiveram de deixar suas casas.

"Esperamos que a cifra de mortes não seja muito maior. Apesar de o acesso a alguns locais revelar mais vítimas, as projeções têm sido estáveis", disse o diretor da Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, John Ging.

Ele pediu prudência, lembrando que inicialmente se esperava número significativamente menor de vítimas.

Ging ressaltou que as prioridades são enterrar os mortos, devido a questões de saúde pública, e providenciar o envio de água, comida, remédios e equipamentos para a purificação da água.

A secretária-geral-adjunta da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, viajou ao país após anunciar a liberação de US$ 25 milhões do Fundo Central de Resposta a Emergências.

As comunicações também são um problema para equipes de socorro. "Nosso escritório em Tacloban foi inutilizado. Estamos ainda operando de forma improvisada, e a comunicação é muito difícil", contou Graziella Piccolo, que está desde 2011 nas Filipinas.

Em Cebu, capital da ilha de mesmo nome, que fica em frente a Leyte, onde está Tacloban, a situação é de normalidade. O voo de Hong Kong que a reportagem da Folha utilizou para chegar à ilha estava lotado, e os turistas não pareciam preocupados com a catástrofe.

Já enfraquecido, o Haiyan atingiu ontem o Vietnã, deixando cinco mortos, e a China, matando seis.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página