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Brasileira sobrevive a tufão nas Filipinas

Com a água invadindo sua casa, ela teve que escapar pelo buraco do ar-condicionado

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A CEBU (FILIPINAS)

Genética e fé em Deus.

Essa é a explicação da missionária evangélica carioca Lídia Caetano de Souza, 63, para ter vencido o verdadeiro teste de resistência a que foi submetida quando sua casa foi inundada e desabou parcialmente pela força do tufão Haiyan, nas Filipinas.

"É a mistura de negro com italiano", disse, mantendo o bom humor após ter escapado da cidade de Tacloban, a mais devastada pelo tufão.

Única brasileira na área atingida, Souza relembrou os momentos de pânico que viveu na manhã do dia 8, quando a maré subiu e a cidade foi varrida por ventos de mais de 300 km por hora.

"A água subiu muito rápido e tivemos que sair pelo buraco do ar-condicionado", contou. Ela ainda ajudou quatro pessoas, mas uma não conseguiu passar e morreu afogada.

Lutando contra a correnteza, conseguiu chegar a um prédio em construção, onde se refugiou com outras famílias. Ficou ali durante quatro dias, dividindo a pouca comida e água disponíveis.

Mal refeita do susto, ela testemunhou a onda de saques que se espalhou por Tacloban quando a água baixou.

"São animais irracionais. Levaram tudo, joias, fogões, computadores. Como podem se aproveitar da tragédia?"

Diabética, Souza temeu por sua saúde e decidiu que era hora de deixar Tacloban. Caminhou vários quilômetros até o aeroporto e ficou lá por dois dias à espera de resgate.

O que viu no caminho a deixou chocada. "Tacloban acabou. Está tudo destruído. Há corpos de pessoas e animais pelas ruas", contou.

Na quinta-feira, conseguiu vaga em um avião militar de carga americano C-130, onde viajou no chão, ao lado de outros 200 sobreviventes, até a capital, Manila.

Lá, foi acolhida por amigos e fez a primeira refeição quente em quase uma semana.

Missionária da Assembleia de Deus do Rio de Janeiro, ela está há 14 anos nas Filipinas. Em Tacloban, trabalhava com comunidades pobres ao lado de evangélicos dos EUA.

"Eu cuidava de 300 crianças num abrigo na costa. Não faço ideia do que aconteceu com elas", lamenta.

Segundo a Embaixada do Brasil em Manila, dos 216 brasileiros registrados no país, mais de metade está em missão religiosa.

Souza retornará ao Rio na segunda-feira para passar as festas de fim de ano com a família. Depois quer viajar para o Camboja para nova missão religiosa.

Voltar a Tacloban não lhe passa pela cabeça. "Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas não quero facilitar", diz.


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