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'Musas' dos protestos de estudantes no Chile têm posições políticas divergentes
DA ENVIADA A SANTIAGOA chilena Camila Vallejo, 25, amamenta a filha, Adela, de um mês e meio, enquanto define suas últimas atividades 48 horas antes da eleição em que concorrerá, pela primeira vez, a uma vaga na Câmara pelo Partido Comunista, que integra a coalizão de Michelle Bachelet.
A jovem, que defendeu sua tese de conclusão do curso de geografia em julho, foi um dos rostos mais famosos dos protestos estudantis de 2011. Ela era a presidente da Fech (Federação de Estudantes da Universidade do Chile), uma das principais organizações estudantis do país.
Por causa de sua beleza, Camila logo ganhou o título de "musa dos protestos", algo que ela repudia.
"É machista, inclusive por parte das mulheres", afirma à Folha no quartel-general de sua campanha, na cidade La Florida, na Grande Santiago. "Cansei de ouvir que deve ter alguém me assessorando, que vou ganhar porque sou bonita, que o partido dita o que devo fazer."
A ex-líder estudantil diz que decidiu entrar para a política após os protestos de 2011. "Vi que, para poder haver uma solução concreta para as demandas, é preciso disputar uma vaga no local onde as decisões são tomadas."
E avisa que não abandonará os movimentos sociais, já que sua principal bandeira na Câmara, se eleita, continuará sendo a educação.
"É uma frase clichê, mas que aprendi na prática com os protestos de 2011: a união faz a força. Conseguimos gerar um horizonte comum e hoje a reforma educacional está na pauta da eleição."
Nesta semana, a Fech, que foi liderada por Camila, elegeu presidente Melissa Sepúlveda, 23, estudante do quarto ano de medicina.
Ao contrário de Camila, a anarquista acha que o movimento estudantil não deve ser "parlamentarizado".
"A política é um caminho, mas existem mecanismos dentro da nossa Constituição que impedem avanços. Por isso, vemos que a única possibilidade de conseguir mudanças na educação é através da articulação do movimento estudantil com outros movimentos sociais", diz.
Melissa afirma que não irá votar amanhã (o voto é voluntário) e diz ver com desconfiança as propostas de reforma educacional de Michelle Bachelet. "Ela não diz com clareza como transformará em gratuita a educação."