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Direita sofre derrota nas eleições do Chile

Bloco de centro-esquerda de Michelle Bachelet amplia maioria na Câmara e no Senado após pleito de domingo

Políticos direitistas não souberam lidar com o tema da desigualdade social, muito explorado na campanha opositora

LÍGIA MESQUITA ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

A direita foi a grande derrotada nas eleições legislativas do Chile. A coalizão Aliança pelo Chile, do presidente Sebastián Piñera, perdeu sete cadeiras na Câmara e manteve o mesmo número de senadores, 16.

Mas a UDI (União Democrática Nacional), principal força política do bloco e legenda de Evelyn Matthei, que disputará o segundo turno para a Presidência com Michelle Bachelet, não conseguiu eleger alguns dos principais nomes de seus quadros, perdendo espaço para a RN (Renovação Nacional), considerada mais de centro.

Já a oposicionista Nova Maioria, aliança de centro-esquerda de Bachelet, aumentou em 11 o número de sua bancada na Câmara. No próximo governo, contará com 68 deputados, contra 48 da Aliança. E aumentou uma cadeira no Senado, passando de 20 para 21 senadores.

"A derrota da direita só não foi pior porque Bachelet não ganhou no primeiro turno, senão seria um cenário horrível para eles", afirma o analista político Patricio Navia.

Para ele, os candidatos governistas perderam nas urnas "porque estão representando interesses de poucas pessoas, e não da maioria da população", numa eleição marcada por uma agenda que abordou a questão da desigualdade social no país.

"Os resultados do domingo mostram que a direita precisa se renovar, ter novos líderes. A força se moveu da UDI para a RN, que é mais moderada. Se Bachelet ganhar, será mais fácil dialogar com a RN", diz a socióloga Kirsten Sehnbruch, professora da Universidade do Chile.

Entre as derrotas da UDI no domingo, destaque para a do ex-ministro de Mineração Laurence Golborne, que coordenou o resgate dos 33 mineiros em Copiapó, em 2010, e a do ex-prefeito de Santiago Pablo Zalaquett. Os dois perderam as vagas que disputavam ao Senado para colegas de coalizão da RN.

POUCA GENTE VOTOU

O pleito deste domingo no Chile, o primeiro com voto não obrigatório para presidente e parlamentares, foi marcado pela baixa participação de eleitores, a menor desde 1989.

Das 13,5 milhões pessoas com registro eleitoral no país, apenas 6,7 milhões votaram.

Uma das explicações para a ausência de tantos eleitores, segundo o analista Navia, é a descrença com a política. "O país está bem economicamente e as pessoas acham que não adianta votar porque nada vai mudar".

O Chile está em último lugar no quesito interesse por política (18%), de acordo com o ranking Latinobarômetro elaborado com 18 países da América Latina.

"As eleições de domingo comprovam isso. O desinteresse pela política é consequência da ditadura e do fato de que a direita ainda não se distanciou dela", diz Marta Lagos, diretora da pesquisa no país.


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