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Mercados aprovam acordo nuclear com Irã
Bolsas sobem e preço do petróleo cai; Israel destoa do otimismo e manda assessor aos EUA para expressar preocupação
Mídia israelense diz que acordo foi costurado de forma secreta; Obama defende que não se feche a porta para a diplomacia
No dia seguinte à assinatura do acordo nuclear entre Irã e seis potências, os mercados reagiram bem, em linha com o otimismo generalizado da comunidade internacional.
Israel, no entanto, continuou a destoar do coro. O premiê Binyamin Netanyahu, que considerou o pacto um "erro histórico", enviou seuu assessor de segurança nacional, Yossi Cohen, aos EUA para expressar preocupação.
O acordo preliminar, de seis meses, prevê o congelamento do enriquecimento de urânio iraniano em 5%, distante dos 90% necessários para fazer uma bomba.
A ideia é em até um ano fechar um tratado final. Mesmo com dúvidas sobre se o acordo será honrado, investidores demonstraram otimismo.
O barril tipo West Texas Intermediate caiu 0,79%, fechando a US$ 94,09. O tipo Brent foi cotado em baixa o dia todo, mas fechou com queda pequena, a US$ 111,00.
As quedas refletem a expectativa de que o petróleo iraniano poderá voltar em larga escala aos mercados num eventual acordo definitivo entre Irã e representantes de EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha.
Por causa de sanções, as exportações de petróleo iraniano despencaram de 2,5 milhões de barris por dia em 2011 para 1 milhão hoje.
A possibilidade de normalização com o Irã, mercado de 77 milhões de habitantes, também animou as Bolsas.
O índice FTSE 100, que reúne os principais papéis europeus, subiu 0,30%. O americano Dow Jones teve uma alta de 0,05%.
Segundo um porta-voz de Teerã, os EUA já desbloquearam US$ 8 bilhões em fundos iranianos que estavam retidos, como parte do acordo.
Receber de uma vez esse montante, equivalente a 1,5% do PIB, deve significar algum alívio para o Irã, em crise econômica. Já a União Europeia disse que começará "nas próximas semanas" a levantar as punições que impôs ao país.
Ontem, em evento em San Francisco, o presidente Barack Obama defendeu o acordo. "Há desafios enormes, mas não podemos fechar a porta para a diplomacia e não podemos descartar soluções pacíficas para os problemas do mundo", disse.
SEGREDOS
Os israelenses não escondem a insatisfação com o acordo. As supostas negociações privadas conduzidas entre EUA e Irã foram recebidas em Israel com ultraje, segundo a mídia local.
O veículo israelense Canal 2 noticiou que as conversas foram descobertas pela inteligência de Israel, apesar dos esforços norte-americanos em mantê-la escondida.
As negociações americanas foram conduzidas por William Burns, vice-secretário de Estado, e Jake Sullivan, assessor de segurança nacional para o vice-presidente Joe Biden. Eles teriam se reunido cinco vezes neste ano com figuras do governo iraniano.