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Decisão é vista como mais ousada iniciativa internacional de Obama

RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON

A decisão do presidente Barack Obama de assinar um acordo com o Irã é considerada sua mais ousada iniciativa internacional --popular entre americanos, mas com diversos entraves políticos.

Enfrenta enorme resistência de grupos de pressão --deputados republicanos e democratas pró-Israel e o lobby judaico de Washington têm ocupado boa parte da mídia dos EUA para apontar a "ingenuidade" do presidente.

Mas as pesquisas apontam que o acordo é popular. Levantamento da CNN indica que 54% no país defendem o tratado e 39% se opõem.

Outra pesquisa, da Reuters/Ipsos, é mais contundente: para 65% dos americanos, o país só deve se envolver em ação militar no Oriente Médio "se houver ameaça direta aos EUA". Outros 49% defendem novas sanções se o acordo fracassar, 31% querem mais diplomacia e só 20% pedem o uso de força militar.

"É a fadiga da guerra: não há apetite para intervenções militares depois de Iraque e Afeganistão", diz Julia Clark, diretora do instituto Ipsos.

Vários analistas concordam. "O que vemos com o Irã é um tipo de doutrina Obama'", disse à Folha o especialista em Oriente Médio Aaron David Miller, do Wilson Center. "Tirar o país de velhas guerras e evitar que entremos em novas e arriscadas."

Em conversas reservadas com a Folha, diplomatas dos EUA asseguram que o Irã é o tema mais importante da agenda internacional de Obama no segundo mandato. Eles até o contrastam com a atitude mais passiva e distante do presidente no golpe do Egito e na guerra civil síria.

Apesar de deixar o secretário de Estado, John Kerry, "brilhar" nas negociações, eles dizem que Obama acompanhou "cada palavra" do acordo. Em setembro, ele falou por telefone com o novo presidente do Irã, Hasan Rowhani, depois que seus enviados já negociavam em segredo com os iranianos em Omã.

A aposta é enorme. Se o acordo fracassar e o Irã chegar a ter sua bomba atômica, ele será acusado de ingenuidade e inação --além de consequências imprevisíveis para velhos aliados, desgostosos com Obama, como Egito, Israel e Arábia Saudita.

Para vários críticos, a fadiga de guerra dos americanos e a "doutrina Obama" são perigosas na hora de desestimular a proliferação nuclear.

Como escreveu David Rothkopf, editor da revista "Foreign Policy", "tanto os países que ameaçam os EUA quanto os aliados precisam saber que temos a resolução e a vontade de agir como um falcão, mesmo quando temos as aspirações de um pombo. Ambos precisam dirigir nossa política externa: os pombos quando possível, os falcões quando necessário".


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