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Protesto na Ucrânia leva 500 mil às ruas

Manifestação contra presidente, que sustou entrada na União Europeia e se reaproximou da Rússia, é a maior do país

Última estátua do líder comunista Vladimir Lênin na capital, Kiev, é derrubada e destruída pelos manifestantes

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Cerca de meio milhão de pessoas se reuniu ontem na praça da Independência, em Kiev, capital da Ucrânia, num domingo de céu cinza e temperatura próxima a zero grau, para protestar contra o presidente do país, Viktor Yanukovich. Foi o maior ato desde o início das manifestações ucranianas, há três semanas.

Num gesto que remeteu a 1991, quando a União Soviética (da qual a Ucrânia fez parte) acabou, os manifestantes derrubaram a estátua do líder comunista russo Vladimir Lênin que ficava no centro da praça; em seguida, ela foi destruída com marretas.

A oposição esperava reunir 1 milhão de pessoas no bulevar Shevchenko, com seus 4 km de extensão. Os prédios que rodeiam a praça, entre eles a Prefeitura de Kiev, foram ocupados por opositores, e cerca de mil policiais protegeram a sede da Presidência, a alguns quilômetros dali.

Em outras cidades do país do Leste Europeu com 46 milhões de habitantes, atos antigoverno reuniram milhares.

O levante começou quando Yanukovich anunciou que não levaria adiante acordos políticos e de livre-comércio com a União Europeia, como vinha prometendo há mais de um ano. O recuo foi atribuído à pressão do presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Manifestantes levavam nas mãos ontem bandeiras da Ucrânia e da União Europeia, ambas azuis e amarelas.

Em discurso à multidão, Vitali Klitschko, boxeador campeão e líder do partido oposicionista Udar, listou as exigências de seu grupo: deposição do governo seguida de novas eleições, libertação de mais de 12 manifestantes que foram presos nos últimos dias e punição aos policiais que agiram com violência.

"Anunciamos um ultimato ao presidente da Ucrânia", disse Klitschko, que ainda conclamou greve geral. "Estou convencido de que podemos pressionar as autoridades pacificamente e vencer."

Durante o protesto, cerca de 2.000 pessoas, na maioria aliados do partido nacionalista Svoboda, levantaram barricadas em diversas partes da cidade para impedir a passagem da polícia.

A ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, presa em 2011 acusada de abuso do poder, enviou uma carta lida por sua filha. Além da renúncia, ela pediu que os manifestantes não se sentem para negociar com "esse governo, que tem sangue nas mãos".

A carta afirma ainda que o país não tem mais um presidente, e sim um "tirano".

GOVERNO VÊ GOLPE

Os serviços de segurança ucranianos informaram que abriram uma investigação contra políticos opositores, acusados de golpe de Estado.

Segundo os serviços de segurança, os oposicionistas cometeram ações ilegais que podem sujeitá-los a penas de até dez anos de prisão. Não se divulgaram os nomes dos políticos investigados.

A Ucrânia está há mais de um ano em recessão e teve deficit de 8% em 2012. Analistas acreditam que Moscou pode abaixar o preço do gás se o governo ucraniano desistir de se aproximar da Europa.

Durante a manifestação de hoje, Yanukovich estava na Rússia, onde se reuniu com Putin para discutir os preços do gás sem chegar a acordo.

Yuri Lutsenko, ex-ministro do Interior e coordenador dos protestos, disse à multidão que o país ficaria melhor sem Yanukovich. "Alguns dizem que um pai não abandona seu filho. É melhor ser órfão do que ter um pai desses."

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, anunciou sua ida a Kiev para "trabalhar pelo diálogo".


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