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Análise - África do Sul

Partido de Mandela terá teste sem seu líder

Congresso Nacional Africano enfrentará desconfiança popular e ausência de sua figura maior nas eleições de 2014

LYDIA POLGREEN DO "NEW YORK TIMES", EM DIEPSLOOT (ÁFRICA DO SUL)

Isaac Makhura aponta para o aglomerado esquálido de barracos diante de sua casa no assentamento informal de Diepsloot, onde vivem algumas das pessoas mais miseráveis do país.

Pergunta se era surpreendente que ele já não hesitasse em votar contra o CNA (Congresso Nacional Africano), o partido de toda sua família durante três gerações.

"Foi para isto que Nelson Mandela lutou por nossa liberdade?" ele diz.

Em data a ser definida entre abril e julho de 2014, o CNA vai enfrentar as eleições mais arduamente disputadas desde sua chegada ao poder, em 1994. E, pela primeira vez, o fará sem sua figura moral mais importante, Mandela.

As acusações de corrupção feitas contra altas autoridades, como o próprio presidente, Jacob Zuma, o sistema de ensino falido, a criminalidade e a desigualdade crescentes, tudo isso vem erodindo o apoio dado ao partido.

Ninguém prevê que o CNA seja derrotado no pleito, mas há sinais de que o partido pode receber menos de 60% dos votos, número importante para uma sigla acostumada a ter vitórias arrasadoras.

O CNA foi pouco a pouco deixando de ser um movimento de libertação e convertendo-se em uma máquina política. Os vínculos profundos entre políticos e grandes empresas reforçam a percepção de que as figuras que estão no poder buscam apenas seu próprio enriquecimento.

Com o fim do apartheid, muitos sul-africanos negros esperavam ter acesso rápido à vida de classe média. Isso não aconteceu. De acordo com o censo deste ano, as famílias brancas ganham seis vezes mais que as negras.

Desde o fim do regime de segregação, o governo liderado pelo CNA deu casas gratuitas a 2,5 milhões de famílias negras pobres. Mais de 15 milhões de pessoas recebem auxílios do governo. Milhões de famílias negras ganharam acesso a água encanada e eletricidade pela primeira vez.

Mesmo assim, o partido de Mandela não chegou perto de cumprir a promessa que fez em sua primeira campanha eleitoral, em 1994: uma vida melhor para todos.

Para muitos, o partido parece estar mais focado na busca de uma vida melhor para alguns. Essa visão foi reforçada pela divulgação recente de um relatório sobre um dos maiores escândalos de corrupção na África do Sul: a reforma de US$ 27 milhões (R$ 62,3 milhões) na residência particular de Zuma.


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