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Magnata russo diz que não fará política
Libertado na sexta-feira após dez anos de prisão, Mikhail Khodorkovsky afirma que lutará por detentos do país
Em Berlim desde que recebeu indulto, ele diz estar feliz com a decisão do presidente Vladimir Putin, mas não 'grato'
Em seu segundo dia de liberdade após uma década de prisão, o ex-magnata russo do petróleo Mikhail Khodorkovsky, 50, disse que não se candidatará a cargo político.
"Eu não quero fazê-lo, porque políticos na Rússia têm de ocupar uma posição não tão sincera", afirmou o opositor do presidente Vladimir Putin em entrevista concedida no Checkpoint Charlie, entreposto que dividia Berlim na época da Guerra Fria.
Khodorkovsky está na capital alemã desde que foi solto, na sexta. Sua inesperada libertação foi mediada por dois anos e meio pelo ex-premiê alemão Hans-Dietrich Genscher, revelou ontem.
Nos anos em que esteve preso, disse ter ganho "o direito de dizer o que penso. E isso é maior que política".
Foi justamente externar todos os pensamentos a prática que muitos dizem ter levado o então homem mais rico da Rússia à cadeia em 2003.
Depois de acusar Putin de abuso de poder em reuniões políticas e em programas de TV, foi preso dentro de seu jatinho particular, acusado de roubar petróleo estatal.
FELIZ, NÃO GRATO
Mas fazer militância não está fora de seus planos. De agora em diante será "socialmente ativo em prol de prisioneiros russos", que insinuou não terem os direitos constitucionais cumpridos.
Ele mesmo saiu da cadeia sem se declarar culpado. Caso admitisse culpa, acredita que poderia incriminar empregados de suas empresas, que seriam considerados cúmplices de conspiração.
Questionado se era grato pelo indulto, disse: "Em todos esses anos, as decisões tomadas no meu caso foram tomadas por uma só pessoa. E seria duro dizer que sou grato a ele. Então digo: estou feliz quanto à decisão".
O Kremlin afirmou que a soltura foi para Khodorkovsky ver sua mãe, que luta contra um câncer na Alemanha.
Em sua carta a Putin, ele disse ter garantido que não tentaria reaver seu império, hoje administrado por Igor Sechin, aliado do presidente.
O ex-bilionário disse não saber quanto dinheiro lhe resta. Sorrindo, disse que o que tem "basta para viver".