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Marcos Caramuru de Paiva

Ainda a China

2013 não foi profícuo em mudanças, mas país ainda é o local de onde se podem esperar câmbios profundos

2013 termina com perspectivas razoáveis para a economia mundial, dando a impressão de que 2014 será um ano de transição.

O Fed mudará a sua política, o que inevitavelmente impactará quem toma dinheiro nos mercados externos. O Japão mostrará se pode voltar mesmo a contribuir para o crescimento, e a Europa, se sustenta a estabilidade depois de um longo período de dúvidas quanto a se a comunidade não teria que perder a Grécia e mais um ou dois membros para reestabelecer a ordem.

Mas se há um lugar onde se podem esperar câmbios internos profundos, ele ainda é a China.

2013 não foi profícuo em matéria de mudanças. A palavra reforma esteve todo o ano na ordem do dia, mas pouco ocorreu.

O partido está mudando as lideranças locais, trazendo ao comando gente afinada com os novos governantes em Pequim. Isso leva tempo e requer primeiro substituir a liderança em lugares menos expressivos. Mas a mexida chegará às grandes províncias e a cidades como Xangai.

Há algo já em curso, é fato. O combate à corrupção está assustando os funcionários de nível elevado, tirando a renda de grifes de luxo e mudando condutas. Há semanas, vi o prefeito de uma municipalidade voltar de um jantar para casa a pé.

Pelo menos na aparência, há fatos inéditos. As estatais estão com menos liberdade para estender sua ação. Já não podem se multiplicar como faziam, usando receitas próprias para criar novas empresas.

O governo anunciou transformações, como a abertura de capital e tratamento diferenciado entre as que são competitivas e as que não são. Será para valer?

Finalmente, há um fato anedótico, mas relevante, pouco comentado: Jiang Zemin, o predecessor de Hu Jintao, criou a ideia de presidentes aposentados manterem um escritório na sede do governo, de onde podiam, como fez Jiang, comandar os seus correligionários mais próximos e embaralhar as ordens do presidente em curso.

Hu decidiu não montar escritório nenhum e deixar Xi Jinping comandar em paz. Isso acabou levando o próprio escritório de Jiang a fechar as portas. Ou seja, a autoridade do presidente agora é plena.

Os mais céticos continuam firmes na ideia de que há, na China, mais discurso do que ação. E o discurso, dizem, é velho. O tempo dirá.

A coluna, como fez até agora, pretende dedicar-se primordialmente à observação da realidade chinesa e asiática, na tentativa de contribuir com os leitores que buscam entender o que está ocorrendo nesses países ainda tão enigmáticos, mas já tão importantes para nós.

Feliz ano novo.


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